Economia Verde é o caminho para produção sustentável
É preciso tomar cuidado para avançar na agenda européia sem excluir o pequeno produtor rural
O caminho para a manutenção da floresta em pé passa pelo incentivo a iniciativas que valorizam negócios sustentáveis. Neste cenário, o evento colocou em pauta o que vem sendo feito para reconhecer produtores rurais conservacionistas e também os desafios para fomentar a bioeconomia no 3° painel realizado no 2º Fórum Planeta Campo.
A mediação do painel foi feita por Caio Penido, presidente do Imac, que trouxe a importância de se discutir cada vez mais o tema que gera muitas visões diferentes “acho que a gente tem que furar essas bolhas, essa é a nossa missão, dialogar , discordar amorosamente, saber estar nessa mesa com diplomacia climática”. Ele ressaltou ainda que quando era presidente do GTPS começou a criar uma agenda positiva do agronegócio e que é importante que o produtor invista na sustentabilidade “você vai ter que investir um pouco mais de dinheiro mas vai ter retorno financeiro. Vamos produzir mais e agregar valor ao seu produto que é a carne.”. Caio também abordou o lançamento do “Passaporte Verde” que aconteceu durante a COP27 “passaporte verde irá facilitar a venda das carnes que são abatidas em Mato Grosso em qualquer lugar do mundo. Este documento garantirá, por meio do estado, que a produção da carne é totalmente legal e controlada de forma aberta aos compradores.
Ricardo Abramovay, presidente do Imaflora falou da necessidade de reforçar o combate ao desmatamento. “É preciso rastrear o conjunto da cadeia de valor na pecuária, que é um trabalho complexo que está sendo desenvolvido. O problema do metano é tecnicamente difícil e para isso vamos precisar contar com muita tecnologia. Temos todas as condições de mostrar ao mundo que há condição, na agricultura tropical, de oferecer ao mundo produtos sustentáveis que preservem a biodiversidade.”
CONSERV
Álvaro Dilli, diretor de RH e Sustentabilidade da SLC Agrícola, apresentou o case Conserv, que incentiva atualmente a conservação de 9.768 hectares em dez propriedades rurais mato-grossenses. “Esse acordo corrobora com o nosso compromisso de conservação da mata nativa e com a Política de Desmatamento Zero.”
Privado e de adesão voluntária, o CONSERV reconhece o papel do produtor rural na manutenção de mata nativa e propõe um novo modelo no qual a conservação é aliada ao desenvolvimento. Lançado em 2020 e desenvolvido pelo IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) em parceria com o EDF (Environmental Defense Fund) e com o Woodwell Climate Research Center. O CONSERV opera em municípios de Mato Grosso e nos biomas Amazônia e Cerrado.
Carne orgânica do Pantanal
Eduardo Cruzetta, presidente da ABPO, apresentou o case do Programa Carne Orgânica e Sustentável do Pantanal e ressaltou que a adoção das boas práticas resulta em mais rentabilidade e sustentabilidade.
Cruzeta destacou que as práticas de nutrição que trazem maior eficiência para o processo produtivo e técnicas sanitárias disponíveis trazem mais eficiência para a produção. Deste modo, ganham os nossos sistemas produtivos, mas respeitando a questão ambiental no Pantanal.
Eduardo explicou que considera o incentivo fiscal como uma forma de pagamento por serviço ambiental. “Qualquer produto com preceito sustentável que o consumidor opte por comprar por ser mais sustentável, é uma forma de pagamento por serviço ambiental. Por isso, é importante furar a bolha e falar para mais pessoas da importância da sustentabilidade.
As iniciativas para incentivar a produção de carne sustentável continuam avançando. “Nosso projeto mais recente, que estamos buscando na ABPO, é a Indicação geográfica da carne pantaneira”, conta Eduardo Cruzetta.
Caio Penido finalizou o painel ressaltando que estamos nos saindo bem na conservação e produção, mas mal no aspecto social e pediu cuidado para tratar alguns temas. “Corre o risco da gente seguir essa exigência européia muito alta e excluir pequenos produtores. Então cuidado para a gente avançar nessa agenda que falamos aqui hoje, mas sem excluir o pequeno produtor da cadeia senão ele vai para a marginalidade”.