Bioeconomia no Brasil pode gerar US$ 284 bilhões em receita por ano
Levantamento inédito estima que a implantação da bioeconomia no Brasil pode gerar uma receita industrial anual de US$ 284 bilhões até 2050.
Em entrevista ao Programa Planeta Campo de segunda-feira (6/2), o pesquisador Maurício Lopes, ex-presidente da Embrapa, explicou a relevância do estudo realizado pela Embrapa e parceiros para o desenvolvimento da bioeconomia no Brasil.
O Estudo
Levantamento inédito estima que a implantação da bioeconomia no Brasil pode gerar uma receita industrial anual de US$ 284 bilhões até 2050. É o valor que o país pode alcançar realizando a chamada implantação plena da bioeconomia, que abrange três frentes : as atuais políticas de mitigação de emissões de gases de efeito estufa (GEE) no país, a consolidação da biomassa como principal fonte de energia em importantes setores da economia e a intensificação das tecnologias biorrenováveis.
Intitulado Identificação das Oportunidades e o Potencial do Impacto da Bioeconomia para a Descarbonização do Brasil , o estudo é resultado da parceria entre a Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI ) , Embrapa Agroenergia , Centro Brasileiro de Pesquisa em Energia e Materiais ( LNBR/CNPEM ), Centro de Tecnologia das Indústrias Químicas e Têxteis do SENAI ( Senai/CETIQT ) e Centro de Economia da Energia e do Meio Ambiente.
Em entrevista ao Programa Planeta Campo de segunda-feira, o pesquisador Maurício Lopes, ex-presidente da Embrapa, explicou a relevância do estudo realizado pela Embrapa e parceiros para o desenvolvimento da bioeconomia no Brasil.
Perspectivas para 2050
O documento analisa diferentes trajetórias para o Brasil até 2050, propondo três cenários potenciais para a bioeconomia no contexto brasileiro de transição energética, considerando a intensa adoção da bioeconomia como parte essencial para a transição.
O primeiro cenário, denominado “Políticas Atuais”, considera a manutenção das atuais políticas brasileiras e diz respeito às Contribuições Nacionalmente Determinadas ( NDC ) do país, estabelecidas no Acordo de Paris .
O segundo cenário, “Abaixo de 2 o C”, vê a biomassa como a fonte de energia mais importante para implementar tecnologias de baixo carbono nos principais setores da economia brasileira, cumprindo também o Acordo de Paris. Seu objetivo específico é definir abaixo de 2 o C como o limite superior para o aquecimento global até o final do século.
O terceiro e último cenário, denominado “Potencial de Bioeconomia”, propõe que bioeconomia e transição energética se complementam e são responsáveis por tecnologias biorrenováveis promissoras no cenário “Abaixo de 2 o C”.
Economia baseada nos recursos naturais
O estudo contou com a participação de alguns pesquisadores, entre eles o e ex-presidente da Embrapa, Maurício Lopes Segundo ele, o Brasil tem condições de desenhar uma agricultura específica voltada para a biomassa e capaz de proporcionar um setor bioindustrial inovador e competitivo.
Lopes também destacou que a bioeconomia é uma abordagem econômica baseada nos recursos naturais, principalmente nos recursos biológicos. “Nesse sentido, podemos considerar que o Brasil já está na bioeconomia. Um grande destaque é a cana-de-açúcar que gera bioenergia, açúcar e os mais variados componentes para a indústria”, exemplifica.
Alexandre Alonso, responsável pela Embrapa Agroenergia, também participou do estudo e destacou sua relevância. “O estudo quantifica a bioeconomia em cenários de transição energética e avalia como as tecnologias geradas pela economia circular de baixo carbono podem complementar a transição energética nas cadeias produtivas”, afirma.
O pesquisador também explicou outras preocupações do estudo. “Procuramos desenvolver processos produtivos mais eficazes e que utilizem menos insumos e energia, fortemente baseados em biotecnologia”, diz Alonso.
“A bioeconomia tem vantagens na complexa equação da sustentabilidade, pois é capaz de combinar, de forma sinérgica, recursos naturais, como biomassa, e tecnologias avançadas em um modelo de produção com base biológica, limpa e renovável, promovendo sinergia entre os seguintes indústrias: energética, alimentícia, química, de materiais e outras”, diz.
A bioeconomia pode reduzir as emissões de carbono
Segundo a publicação, os cenários “Abaixo de 2 o C” e “Potencial de Bioeconomia” indicam que, especialmente devido ao enorme crescimento de biocombustíveis, bioquímicos e outros produtos de origem biológica no Brasil, as emissões poderiam ser reduzidas em cerca de 550 milhões de toneladas de CO 2 eq.
No entanto, o desenvolvimento do cenário “Potencial de Bioeconomia” depende de políticas públicas que considerem as particularidades e vantagens competitivas brasileiras em um contexto de transição para uma economia de baixo carbono, alerta o relatório.
“O estudo é resultado de um amplo esforço de organizações que são referência em pesquisa e bioinovação no Brasil. No estudo, podemos destacar as oportunidades ambientais, econômicas e sociais criadas pelo desenvolvimento da bioeconomia avançada no Brasil. Esperamos que os resultados estimulem agentes públicos e privados a criarem políticas de economia verde em nosso país”, comenta Thiago Falda, presidente executivo da ABBI.
*Com informações da Embrapa.