José Carlos da Fonseca: Brasil pode ser a grande potência agroambiental mundial
José Carlos da Fonseca é embaixador licenciado, diplomata de carreira e diretor executivo da IBA (Indústria Brasileira de Árvores), além de de co-facilitador da Coalizão Brasil Clima Florestas e Agricultura
No programa Planeta Campo Entrevista desta quarta-feira o entrevistado da vez foi José Carlos da Fonseca, embaixador licenciado, diplomata de carreira e diretor executivo da IBA (Indústria Brasileira de Árvores). José Carlos também desempenha o papel de co-facilitador da Coalizão Brasil Clima Florestas e Agricultura, participando de comitês internacionais da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura).
José Carlos, contou um pouco sobre o trabalho realizado pela Coalizão Brasil Clima Florestas e Agricultura e como promovem a entidade é uma união de diversos pontos de vista.
“A Coalizão Brasil Clima Florestas e Agricultura foi formada cerca de oito ou nove anos atrás, em um contexto desafiador durante as discussões que levaram à aprovação do código florestal. Foi um processo longo e difícil, com posições antagônicas e polarizadas. No entanto, ao longo do tempo, conseguimos configurar uma arquitetura que reuniu diferentes atores, entidades e instituições em busca de convergências e mínimos denominadores comuns” contou José.
Foto: Planeta Campo
Hoje, a coalizão conta com mais de 350 membros, representando setores privados, empresas, instituições financeiras, bancos, sociedade civil, ONGs, academia e outras organizações relevantes. A principal missão, estabelecida no chamado Livro Verde da coalizão, é discutir aspectos relacionados ao uso da terra no Brasil, conectando clima, florestas e agricultura.
“Realizamos isso por meio de uma governança engenhosa, que permite o aprofundamento técnico e substantivo em diferentes assuntos, como questões fundiárias, energia, desenvolvimento socioambiental, clima e mercado de carbono. Temos grupos de trabalho que se concentram em cada um desses temas, elaborando relatórios e promovendo uma ampla interlocução com outros setores. Tornou-se um coletivo de grande sucesso, e tenho a felicidade de ser um dos cofacilitadores ao lado de representantes do setor privado e da sociedade”, destacou.
Falando sobre grande objetivo da organização, José conta que a Coalizão busca construir união mesmo em um universo tão plural.
“Em alguns temas, encontramos uma grande convergência, mas sempre tentamos chegar em um consentimento geral”.
Brasil potência mundial
Com relação a visão dos outros países em relação ao Brasil, José destaca que o país é uma grande potência agroambiental devido ao seu tamanho, características e diversidade biológica.
“Somos o país mais megadiverso do mundo, com cerca de 12% da água doce global e riqueza em biomas. Além disso, passamos por uma revolução verde, transformando-nos de um importador de alimentos há 50 anos em um país que contribui para alimentar 10% da população mundial“, disse José.
Outro ponto importante abordado pelo membro da Coalizão é o avanço do Brasil na transição energética para uma matriz limpa e cada vez mais descarbonizada e renovável.
“Possuímos todos os atributos para exercitar essa vocação agroambiental. No entanto, não basta ter esses atributos. Precisamos ter a capacidade de traduzi-los em uma força diplomática e política internacional. O Brasil já enfrentou altos e baixos nesse processo, mas temos a oportunidade de fortalecer nossa voz e influência globalmente,” finalizou.