98% dos investidores brasileiros acreditam que relatórios de sustentabilidade contêm greenwashing

A preocupação com o greenwashing, pode explicar por que os investidores estão buscando regulamentações mais rigorosas para os relatórios de sustentabilidade

Uma pesquisa global realizada pela PwC com investidores e analistas de diferentes regiões, classes de ativos e abordagens de investimento revelou que, no Brasil, 98% dos investidores acreditam que os relatórios corporativos sobre o desempenho da sustentabilidade contêm informações não comprovadas.

No mundo, esse índice é de 94%.

A pesquisa, realizada em setembro de 2023, ouviu 345 investidores e analistas em 30 países e territórios. Os resultados mostram que os investidores estão cada vez mais preocupados com os riscos climáticos e a sustentabilidade, mas também estão desconfiados da veracidade das informações divulgadas pelas empresas.

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Greenwashing, Investidores

Foto: Envato

No Brasil, 75% dos entrevistados consideram que como uma empresa faz a gestão de riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade é um fator importante nas suas decisões de investimento. No entanto, o mesmo percentual acredita que os relatórios de sustentabilidade das empresas são imprecisos ou incompletos.

Essa preocupação com o greenwashing, como é chamado o marketing enganoso que sugere que uma empresa é mais sustentável do que realmente é, pode explicar por que os investidores estão buscando regulamentações mais rigorosas para os relatórios de sustentabilidade.

No mundo, 57% dos investidores disseram que, se as empresas cumprirem os próximos regulamentos e padrões de divulgação de informações de sustentabilidade, isso atenderá “bastante” ou “muito” às suas necessidades de informação para a tomada de decisões.

Outro dado mostrado pela pesquisa é que, 85% dos entrevistados afirmam que uma garantia razoável (semelhante à auditoria das demonstrações financeiras) aumentaria a confiança nos relatórios de sustentabilidade “moderadamente”, “bastante” ou “muito”.

Além da sustentabilidade, os entrevistados se mostraram também preocupados com os riscos cibernéticos e a transformação tecnológica. No Brasil, 70% disseram que a adoção mais rápida da inteligência artificial (IA) é “muito” ou “extremamente importante”.

No entanto, os investidores também estão cientes dos riscos associados à IA. Mundialmente, 86% consideram que a IA apresenta um risco considerável, de “moderado” a “muito grande”, quando se trata de segurança e privacidade de dados; governança e controles insuficientes; desinformação; e preconceito e discriminação.

“A pesquisa deixa claro que existe uma gama importante de temas que os investidores levam em consideração ao investir em uma empresa”, afirma Mauricio Colombari, sócio da PwC Brasil.

“Além dos temas de sustentabilidade, os investidores consideram atributos como a competência e o histórico da administração, a capacidade de inovação, também temas ligados a tecnologias emergentes e segurança de dados.”