Projeto aprovado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) irá restaurar cerca de 26 mil hectares de áreas alagáveis na Amazônia
MCTI, FAO e Instituto Mamirauá serão responsáveis pela coordenação e implementação do projeto, que receberá um investimento de US$5,6 milhões
Promover a restauração ecológica e a mitigação dos impactos das mudanças climáticas na bacia Amazônica é o principal objetivo do novo projeto “Restauração de Áreas Alagáveis e outros importantes Ecossistemas Amazônicos – Capacitação, inovação, desenvolvimento e transferência tecnológica para restauração ecológica e mitigação da mudança do clima” aprovado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF, na sigla em inglês). O projeto será executado pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, coordenado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), e implementado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
O investimento de US$5,6 milhões (aproximadamente R$ 27 milhões) será direcionado para ações que visam recuperar cerca de 26 mil hectares de áreas alagáveis na Amazônia, e evitar a emissão de 10 milhões de toneladas de CO2, gerando benefícios diretos para cerca de 1,6 mil pessoas pertencentes a comunidades locais tradicionais e indígenas.
“Apesar de haver interesse global em promover iniciativas de recuperação de áreas naturais ainda existem grandes obstáculos para o sucesso e sustentabilidade destas iniciativas. Este projeto irá contribuir diretamente no aumento do conhecimento sobre a restauração em áreas alagáveis, na articulação entre os atores envolvidos e na capacitação das comunidades tradicionais para o desenvolvimento de iniciativas de restauração e de empreendimentos relacionados a cadeia produtiva da restauração”, explica Emiliano Ramalho, responsável pelo projeto e diretor técnico-científico do Mamirauá.
As áreas alagáveis, ou várzeas, representam 11% da área da Bacia Amazônica e são ecossistemas altamente produtivos que desempenham um papel fundamental na prestação de serviços ambientais, como filtragem e retenção de água e sedimentos, regulação do microclima e reservas de carbono terrestre. Estima-se que aproximadamente 50% das espécies de peixes amazônicos estejam em áreas alagáveis, incluindo a maioria das espécies de importância comercial.
“Até o momento, não há protocolo cientificamente embasado para a recuperação de cobertura vegetal de florestas alagáveis. Estamos perdendo os nossos mangues e a riqueza da biodiversidade neles presentes. Vamos construir os protocolos para recuperá-los e de início restaurar 25,7 mil hectares”, destacou a secretária de Políticas e Programas Estratégicos do MCTI, Marcia Barbosa. O projeto se propõe a suprir uma lacuna de conhecimento sobre melhores tecnologias e técnicas para a recuperação dessas áreas.
Mesmo sendo uma área com grande importância, a degradação deste ecossistema coloca em risco a existência de peixes e outras espécies aquáticas, bem como a purificação de água, regulação climática, e outras atividades de relevância para os povos e comunidades que dependem do ecossistema para sua subsistência.
Para o representante da FAO no Brasil, Jorge Meza, este projeto representa um marco significativo na conservação da biodiversidade e na luta contra as mudanças climáticas. “O fortalecimento do processo de restauração na Amazônia é um grande desafio a ser enfrentado, e justamente na década da restauração da ONU, um projeto estruturante como esse pode ser exemplar ao prover resultados de curto, médio e longo prazo. ”, destacou. O representante ainda lembrou que “ao restaurar ecossistemas fundamentais e fortalecer as comunidades locais, estamos dando passos importantes em direção a um futuro mais sustentável para a região e para o planeta como um todo”.
Com duração de 60 meses, o projeto irá focar no desenvolvimento de um plano estratégico para a restauração dos ecossistemas de zonas úmidas na Amazônia, no fortalecimento das capacidades técnicas individuais e institucionais para iniciativas de restauração ecológica, no desenvolvimento de tecnologia e geração de conhecimento básico para promover e melhorar iniciativas de restauração em áreas úmidas e florestas de várzea amazônicas, entre outras atividades.
Fonte: FAO no Brasil