Mulheres ocupam cargos de liderança em mais de 30% das propriedades rurais no Brasil
Para Anna Paula Nunes, que é engenheira civil de formação e administra a própria propriedade rural, onde produz grãos e cana, o cenário para as mulheres no agronegócio melhorou muito e vem se desenvolvendo a cada dia
No dia 8 de março é celebrado o Dia Internacional da Mulher, data criada para elevar em todo o mundo a consciência e importância acerca do papel que as mulheres exercem no mundo, em todas as profissões.
Embora ainda possuam muitos desafios, a presença feminina em cargos de liderança no agronegócio brasileiro tem crescido. De acordo com uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, elas ocupam atualmente cerca de 34% dos cargos de gestão na área, o que representa mais de 1 milhão de mulheres que comandam mais de 30 milhões de hectares no país.
Outro estudo que comprova esse cenário foi realizado pela Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) e mostra que 59,2% das mulheres que atuam na área são proprietárias ou sócias, 30,5% fazem parte da diretoria e atuam como gerentes, administradoras ou coordenadoras e 10,4% são funcionárias ou colaboradoras.
Para Wladimir Chaga, presidente da BRANDT Brasil – empresa de inovação tecnológica focada em fisiologia vegetal, biossoluções e tecnologia da aplicação –, “o crescimento da presença feminina no agronegócio é um sinal de que estamos evoluindo enquanto sociedade. Precisamos ter em mente que a mulher exerce papel fundamental, especialmente pelas contribuições em estudos, pesquisas, planejamentos estratégicos, desenvolvimento de mercado, implementação de metodologias e liderança”.
Para Anna Paula Nunes, que é engenheira civil de formação e administra a própria propriedade rural, onde produz grãos e cana, o cenário para as mulheres no agronegócio melhorou muito e vem melhorando a cada dia.
“É mais comum hoje ver outras colegas conquistando o seu lugar no setor e mostrando seu protagonismo. O agronegócio ainda é um mundo muito masculino, o que aumenta os nossos desafios para nos destacar, mas estamos conquistando nosso espaço”, diz. Nunes é a quarta geração na fazenda Jangada Brava e tem como braço direito sua filha Giovanna.
A engenheira comenta ainda que “a inspiração para as que querem entrar no ramo tem que vir do exemplo e das conquistas de outras personalidades femininas, que mostram que é possível sim. Conquistamos nossos cargos pela nossa competência, mas nos inspiramos em outras histórias de sucesso também”.
Carla Rossato, veterinária de formação e produtora de cereais, soja, milho e pecuária de corte no Paraná, diz que o crescimento da presença feminina no campo reflete um movimento que está ocorrendo em toda a sociedade.
“É importante dizer que essas conquistas não são exclusivas no setor do agronegócio, mas de outros segmentos também, como indústrias, bancos, entre outros. Discriminação e preconceito ainda existem, mas sinto que isso está diminuindo ao longo do tempo porque as mulheres estão se preparando para se destacar no mercado e estão conseguindo”, diz.
Carla, que foi ganhadora do Prêmio Mulheres do Agro 2019 com a primeira colocação na categoria Grandes Propriedades, acrescenta ainda que a presença feminina em cargos de liderança é fruto de muito empenho para se capacitarem para conquistar espaços que antes eram ocupados apenas por homens.
“Muitas vezes, quando um homem e uma mulher estão concorrendo a uma vaga de liderança, o homem é contratado mesmo que a mulher comprove ter as mesmas competências, habilidades e formações. Por isso, é comum vermos mulheres que se preparam para ir além e mostrar que podem ocupar a liderança. Isso tem inspirado cada vez mais mulheres a fazerem o mesmo”, diz a produtora.
Para a co-proprietária da BRANDT, Sierra-Shae Brandt, que além de sócia, atua na área de marketing da companhia, o agronegócio ainda é um setor muito masculino, mas as mulheres podem e devem aproveitar todas as oportunidades e acreditar no próprio trabalho.
“Temos que trabalhar duro, ser firmes, íntegras e humildes. Se tivermos esses valores, cumpriremos nossa missão e isso nos torna líderes e mulheres de destaque”, afirma. Ainda segundo ela, “as empresas não devem ter limites. O mais importante é conseguirmos realizar o nosso trabalho com liberdade e convicção”.