“Eu acredito que no futuro será mais fácil receber o famoso PSA”
Em entrevista exclusiva, coordenadora do Comitê de Sustentabilidade da SRB, Maressa Vilela, fala sobre como a atual agenda ambiental impacta o campo e quais as oportunidades para os produtores rurais
Como coordenadora do Comitê de Sustentabilidade da Sociedade Rural Brasileira (SRB), a produtora rural Maressa Bettencourt Vilela possui uma perspectiva própria sobre o propósito, o presente e o futuro do agronegócio nacional. Filha de produtores rurais, ela iniciou o próprio reflorestamento em 2003, com o plantio da árvore teca.
“Um amigo comentou de uma árvore teca que estava vindo com bastante força para o Brasil porque ela se desenvolvia muito bem, principalmente em Mato Grosso, onde a gente tem fazenda”, lembrou ela logo no começo da entrevista.
Foi nesta mesma época, após ganhar 50 novilhas do pai, que ela iniciou a criação de gado de corte. Mais tarde também passou a investir no melhoramento genético da raça Gir Leiteiro e viu a sua história ser escrita naturalmente na agropecuária, sempre com foco nas novas tecnologias para gerar produtividade e sustentabilidade.
“O melhoramento genético é extremamente importante. Hoje, se você olhar a média da produção nacional de leite, ela é baixíssima. Tem produtor que tira quatro, cinco litros de um animal. E quando você dá um salto com essa genética, você pode produzir 20 litros, 25, 30, 35 litros”, destaca Maressa.
A coordenadora do Comitê de Sustentabilidade da SRB também falou sobre como a atual agenda ambiental impacta o campo. Ela acredita que pautas relacionadas às questões de ESG (sigla em inglês para Environmental, Social and Governance), mercado de carbono, produção de energia limpa, entre outros temas, representam novas possibilidades de negócios para o produtor nos próximos anos. “Eu acho que está caminhando. Eu acredito que no futuro será mais fácil receber o famoso PSA (Pagamento por Serviços Ambientais)”, disse.
Durante a entrevista, Maressa Vilela também falou sobre a discussão em torno do mercado de créditos de carbono. Para ela faz todo sentido o agro, neste momento, estar isento de participação no mercado regulado. “Você não pode regular o que você não mede. O Brasil tem os fatores de emissão próprios. E os fatores de emissão evoluíram muito, mas os fatores de emoção nem tanto. O agro é um setor diferente porque ele emite, mas também sequestra, também tira carbono da atmosfera. A gente precisa caminhar um pouco mais para ter esse balanço e aí sim poder ser regulado”.
A produtora acredita que esse é um debate que está evoluindo, mas que ainda há muitos temas a serem esclarecidos. Segundo ela, a maior preocupação do produtor deve ser em aumentar a eficiência no campo. “Eu acho que o nosso foco não deve ser o carbono, o carbono é uma consequência. Você vai ganhar não por que você vai vender uma tonelada de carbono por US$10 ou US$20. Você vai ganhar porque ao em vez de produzir 40, 50 sacas de soja, você vai estar produzindo 70, 80. O carbono é vida, o carbono é consequência de você ter uma maior produtividade”, enfatizou.
A coordenadora do Comitê de Sustentabilidade da SRB também falou sobre o Inventário Nacional de Gases de Efeito Estufa e sobre a atuação do Núcleo Feminino do Agronegócio, do qual é diretora de comunicação. “Tem muita discussão de gestão, de manejo, de tudo que envolve o agro”, destacou.