Veterinários e voluntários unem forças para salvar os animais no RS
Pneumonia e leptospirose em cavalos e animais do rebanho comercial preocupam. Saiba o que fazer.
As enchentes no Rio Grande do Sul causaram destruição sem precedentes no meio urbano e agrário do estado. O governo local confirmou, até o momento, mais de 100 mortes e outras dezenas de desaparecidos e feridos. Nesse contexto, além do sofrimento da população, os animais também têm sentido os impactos da tragédia.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Rio Grande do Sul conta com quase 12 milhões de cabeças de gado, 573 mil porcos e 22 milhões de galináceos.
Segundo o médico veterinário e membro do gabinete de crise do Conselho Regional de Medicina Veterinária do estado, Henrique Noronha, são incontáveis as equipes de resgatistas empenhadas em salvar as espécies.
Principais problemas enfrentas
Durante e após as enchentes, os animais estão expostos a várias doenças, sendo a leptospirose e a pneumonia os riscos mais imediatos. A leptospirose, conhecida por sua rápida disseminação em águas contaminadas, e a pneumonia, resultante da aspiração de água por animais exaustos e estressados, são preocupações centrais para os profissionais de saúde animal que atuam na região.
“Temos pressa com esses resgates. Os animais estão dentro d’água. […] nos cavalos, em especial, temos enfrentado muitos quadros de pneumonia. Os animais estão expostos à água fria e muitos acabam aspirando porque ficam nadando por bastante tempo até achar uma ilha, algum lugar que eles possam escorar para não afundar”.
Medidas Urgentes
A recomendação para os produtores que conseguiram resgatar seus animais é a vigilância e o cuidado intensivo. Qualquer sinal de apatia, falta de apetite ou prostração deve ser imediatamente reportado a um veterinário. Esses profissionais estão trabalhando incansavelmente, oferecendo tratamentos necessários e coordenando ações de prevenção de doenças futuras.
Para a recuperação a longo prazo, será crucial a implementação de um protocolo sanitário rigoroso. A vacinação contra a leptospirose, em particular, deve ser priorizada assim que os animais recuperarem sua condição física e imunológica normal.
Chamado à Ação
A solidariedade também é um chamado crucial neste momento. O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul tem coordenado esforços para centralizar doações de ração, feno e outros insumos vitais para o cuidado dos animais afetados.
“Apelamos a todos os produtores e à população em geral que contribuam como puderem, seja através de doações ou voluntariado”, destaca Henrique Noronha.
Além da contribuição imediata, o veterinário também ressalta a necessidade de atenção às questões de adaptação à crise climática para a reestruturação do Rio Grande do Sul. “Esta tragédia não só expõe a vulnerabilidade de nossas práticas agrícolas e pecuárias em face de eventos climáticos extremos, mas também reforça a necessidade de estratégias de mitigação e preparo mais eficazes. Juntos, podemos superar essa crise e fortalecer nosso setor para futuros desafios”.
Confira a entrevista completa: