AGROBALSAS 2024: O Milagre do Cerrado e Contrapartidas para o Desenvolvimento em Balsas
Balsas é uma das principais regiões produtoras de soja do Brasil e a certificação RTRS permite que os produtores locais acessem mercados internacionais mais exigentes.
As palestras do segundo dia da Agrobalsas deram voz à produção sustentável e segurança alimentar na geopolítica mundial. A soja RTRS (Round Table on Responsible Soy) é um tipo de soja produzida de acordo com padrões ambientais, sociais e econômicos sustentáveis estabelecidos pela RTRS. Essa certificação tem o objetivo de garantir que a produção do grão não contribua para o desmatamento, respeite os direitos trabalhistas e promova práticas agrícolas responsáveis.
Cid Ferreira, consultor RTRS explicou que a importância da soja RTRS para a exportação reside no fato de que muitos países importadores, especialmente da Europa, exigem cada vez mais produtos provenientes de fontes sustentáveis, o que abre oportunidades de mercado para os produtores que adotam essas práticas. “Para todo o mundo e também para a região de Balsas, no Maranhão, a soja RTRS desempenha um papel crucial tanto na economia quanto na preservação ambiental”, disse.
Balsas é uma das principais regiões produtoras de soja do Brasil, e a certificação RTRS permite que os produtores locais acessem mercados internacionais mais exigentes, garantindo uma vantagem competitiva e agregando valor aos seus produtos.
Além disso, a produção de soja RTRS contribui para a redução do desmatamento e para a promoção de práticas agrícolas sustentáveis na região. A certificação não apenas aumenta a competitividade dos produtos agrícolas locais nos mercados globais, mas também fortalece a reputação da região como um polo agrícola responsável e comprometido com o desenvolvimento sustentável.
Segurança alimentar mundial
Joelcio Carvalho, oficial de parcerias do programa mundial de alimentos, participou do painel Integrando os ODS ao agronegócio. O representante da Organização das Nações Unidas destacou a ODS 2.
A missão desta ODS, Fome Zero e Agricultura Sustentável é: erradicar todas as formas de fome e a má-nutrição até 2030, garantindo que todas as pessoas, especialmente as crianças, tenham acesso suficiente a comidas nutritivas durante todo o ano. “É preciso alinhar as práticas agrícolas com as metas globais de sustentabilidade, garantindo que o crescimento econômico seja acompanhado de benefícios sociais e ambientais”, afirmou.
Carvalho disse ainda que, com sua palestra, deixaria uma provocação: O Brasil é conhecido como um dos grandes produtores de alimentos. Dentro desse programa em que ele participa, o país não representa nem em seu ofício, é um comprador de comida. Mas dentro desse montante mundial, o Brasil não ocupa nem 0,5% do montante global de alimentos que nós distribuímos em todo o mundo. “ NÓs estamos sim, alimentando o mundo com toda a produção que nós temos. Mas ainda tem espaço que podemos atingir dentro de ajuda humanitária relacionado com o poder que podemos dar ao agronegócio e à agricultura brasileira”, finalizou.
Minimizar riscos
Thales Castro, cônsul de Malta, alerta para os riscos que o agronegócio brasileiro enfrenta em um contexto internacional cada vez mais complexo. “É essencial considerar os desafios geopolíticos ao planejar o futuro do setor agropecuário, garantindo a segurança e a estabilidade dos negócios”, advertiu.
E como o produtor, pequeno ou grande, pode mitigar riscos frente a um cenário mundial complexo, como este que estamos vivendo com guerras? Para o especialista, primeiro é necessário planejamento estratégico prévio e implementação do modelo PST – probabilidade de ocorrência de um evento, severidade do impacto dessa ocorrência. “A gente mensura a gente plota e apresenta para a cadeia do agronegócio. E , por fim, trabalhamos o recorte que aquele tipo de mitigação de risco vai impactar se no médio ou curto prazo”, explicou.
Posicionamento Feminino
Na parte da tarde, o foco foi para o papel feminimo no agro. De acordo com o Observatório das Mulheres Rurais do Brasil, um levantamento feito pela Embrapa, no Maranhão, as mulheres dirigem 44.854 propriedades rurais, enquanto os homens são responsáveis pela gestão de 174.696 propriedades rurais. Além disso, mais de 4,3 milhões de mulheres trabalham nos campos maranhenses.
Para Gisela Introvini, superintendente da Fapcen, não basta ser mulher, você tem que fazer a diferença. “A mulher do Agro tem que ter um significado maior, sem vitimismo e interagir numa grande plataforma, ao lado da mulher da saúde, do judiciário”, reforçou.
Jaqueline silva, diretora do Canal Rural, mediou durante toda a tarde vários painéis com relatos de vidas e exemplos de sucesso. Após as apresentações, recebeu um prêmio de reconhecimento pela iniciativa a protagonista, plataforma do canal rural que dá voz às mulheres. “O meu papel é comunicar via Canal Rural, maior veículo de comunicação do Agro, para empoderar essas mulheres para redescobrir o papel delas e como elas podem ajudar outras mulheres”, finalizou.