Mudanças climáticas podem reduzir produtividade agrícola em até 30%, alerta XP
Impactos das secas, enchentes e queimadas trazem desafios severos para o agronegócio no Brasil, e o uso de tecnologia pode ser a chave para mitigar os efeitos das mudanças climáticas, segundo Leonardo Alencar, chefe de pesquisa agrícola da XP.
As mudanças climáticas têm sido um tema central nas discussões sobre o futuro do agronegócio brasileiro. Embora o setor não seja o maior responsável pelas emissões de gases de efeito estufa, é um dos mais vulneráveis aos impactos dos extremos climáticos, como secas, enchentes e queimadas, que têm se intensificado nos últimos anos. Leonardo Alencar, Head de Agro Research da XP, destacou em entrevista recente a gravidade da situação, mencionando que, até 2025, a produtividade agrícola no Brasil pode sofrer uma redução de até 30%, segundo um estudo da XP Research.
Esses números preocupam o setor, que representa uma parte significativa da economia brasileira. As queimadas recentes, por exemplo, trouxeram prejuízos milionários a produtores em várias regiões do país, e o cenário para os próximos anos exige adaptação rápida. “A produção agrícola está diretamente exposta a riscos financeiros causados pelos extremos climáticos, e isso inclui tanto a infraestrutura quanto a capacidade de resposta dos produtores”, explica Alencar.
Tecnologia como resposta
Apesar dos desafios, o Brasil continua a ser um dos maiores produtores de alimentos do mundo, e Alencar aponta que o uso de tecnologias modernas tem sido uma das principais formas de enfrentar os impactos das mudanças climáticas. “Produtores que adotam inovações tecnológicas, desde insumos até maquinário agrícola avançado, tendem a ser mais resilientes a esses desafios”, afirma. Segundo ele, o uso adequado de nutrição do solo e insumos também desempenha um papel crucial na manutenção da produtividade, especialmente em áreas mais afetadas pelas variações climáticas.
Leonardo também destaca a importância da diversificação de culturas como uma estratégia para minimizar perdas. “Em regiões mais afetadas, alguns produtores estão optando por culturas mais resilientes, como sorgo, soja e cana-de-açúcar, que podem suportar melhor os eventos climáticos extremos”, explica.
Cenário preocupante para os próximos anos
O agronegócio brasileiro é fundamental para a segurança alimentar global, e qualquer impacto em sua produtividade afeta diretamente a oferta de alimentos no mundo. Alencar ressalta que, além das adversidades climáticas, o setor também enfrenta desafios relacionados à infraestrutura e ao risco político e econômico. “Todos esses fatores, somados às mudanças climáticas, criam um cenário de incertezas que exige uma abordagem integrada e um forte investimento em inovação.”
Enquanto os produtores trabalham para se adaptar a essa nova realidade, o Brasil continua a ser um líder global na produção de alimentos, mas a urgência em aumentar a resiliência do setor é cada vez mais evidente.