Impacto da seca e incêndios nos canaviais: os desafios para as próximas safras

A seca extrema e os incêndios no Centro-Sul do Brasil impulsionaram a proliferação de pragas e doenças nos canaviais, ameaçando a produção de açúcar e etanol para as próximas safras. José Guilherme Nogueira, CEO da ORPLANA, destaca as estratégias para minimizar os danos e a necessidade de assistência técnica.

O aumento das pragas e o surgimento de novas doenças nos canaviais têm sido uma grande preocupação para os produtores rurais no Centro-Sul do Brasil. Essa crise é consequência direta da seca severa e dos incêndios que assolam a região, colocando em risco tanto a safra atual quanto as futuras. José Guilherme Nogueira, CEO da ORPLANA (Organização de Plantadores de Cana do Brasil), trouxe à tona a gravidade da situação durante uma entrevista ao Planeta Campo, onde discutiu os desafios e as ações para conter os impactos negativos nas lavouras.

Segundo Nogueira, os produtores têm observado uma queda significativa na produtividade, especialmente no terço final da safra, onde a produtividade média caiu para cerca de 50 a 60 toneladas por hectare. Com uma previsão de produção de 590 milhões de toneladas para a safra atual, estima-se que os danos ambientais possam reduzir este número para 580 milhões na safra 25/26. “A seca é o maior fator de impacto, e os incêndios, embora alarmantes, atingiram uma área menor em comparação com o total de canaviais,” explicou ele.

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O CEO da ORPLANA alertou também para a intensificação de pragas e doenças, como a murcha da cana, exacerbadas pela exposição do solo após os incêndios, que eliminaram tanto as pragas quanto seus inimigos naturais. Para combater esses problemas, Nogueira destacou a importância de um planejamento fitossanitário eficaz, uso de armadilhas para monitoramento de pragas, irrigação de emergência e cuidados com a nutrição das plantas.

Além dos prejuízos diretos nas plantações, o aumento nos custos de produção, como o plantio de novos canaviais a um custo de aproximadamente R$ 15.500 por hectare, tem pressionado as finanças dos produtores. “Esse momento exige muita calma e apoio técnico, como o fornecido por agrônomos e cooperativas, para superar a crise,” aconselha Nogueira.

Os impactos no mercado também são uma preocupação, pois a menor produtividade pode afetar a oferta de açúcar e etanol. Esse cenário complexo coloca os produtores em uma situação delicada, demandando uma atuação coordenada para contornar os obstáculos e garantir a sustentabilidade da produção no setor de cana-de-açúcar.