Agricultura Regenerativa: A revolução tropical que pode transformar o solo Brasileiro

Eduardo Martins, presidente do GAAS, destaca como a agricultura regenerativa promove solos vivos, reduz custos e oferece resiliência às mudanças climáticas, trazendo sustentabilidade em larga escala

Agricultura regenerativa: Solução tropical para solos vivos e sustentabilidade

A agricultura regenerativa está ganhando destaque no Brasil como uma prática inovadora que vai além do conceito de sustentabilidade, focando na recuperação e vitalidade do solo. Eduardo Martins, presidente do Grupo Associado de Agricultura Sustentável (GAAS), compartilhou sua visão sobre a transformação que esse modelo pode trazer para produtores rurais e para o país como um todo.

“Diferentemente da sustentabilidade, que projeta ações para o futuro, a regeneração é prática e operacional”, afirmou Martins, que também é biólogo e mestre em ecologia. Segundo ele, o pilar da agricultura regenerativa é o solo: “Cuidar do solo para que ele seja vivo e funcione como suporte para a produção é o ponto central.”

Práticas que fazem a diferença

Entre as técnicas regenerativas destacadas, estão o plantio direto, a rotação de culturas e a redução drástica ou até a eliminação de insumos químicos. Martins ressalta que essas práticas, aliadas à análise das causas dos problemas e à adoção de soluções locais, têm gerado resultados surpreendentes, como maior produtividade mesmo em condições climáticas adversas.

“O regenerativo tropical traz a agroecologia para a larga escala, seja em grãos, cana ou outros cultivos. Isso é uma inovação extraordinária que coloca o Brasil na vanguarda dessa transformação”, destacou.

Produção on farm e biológicos como protagonistas

Outro ponto forte abordado foi a produção on farm de insumos biológicos. Martins explicou como as biofábricas nas fazendas permitem que os agricultores multipliquem microorganismos adaptados à biodiversidade local, reduzindo custos em até 50%. Ele também destacou a necessidade de regulamentação para garantir qualidade e segurança: “As boas práticas e a responsabilidade técnica são essenciais para escalar a produção biológica com eficiência e segurança.”

Benefícios econômicos e climáticos

A agricultura regenerativa também traz benefícios econômicos e climáticos relevantes. Martins citou exemplos de produtores que, após a transição para práticas regenerativas, reduziram drasticamente o uso de agroquímicos e alcançaram maior resiliência a eventos climáticos extremos, como períodos prolongados de seca.

“A resiliência é a palavra-chave para o futuro da agricultura. Solos vivos, com matéria orgânica e agregados, garantem a retenção de água e a produtividade, mesmo diante das mudanças climáticas,” explicou Martins.

O futuro da agricultura brasileira

Com cerca de 1.300 agricultores e 200 consultores envolvidos no GAAS, a agricultura regenerativa vem ganhando escala e atenção no Brasil. Martins acredita que essa é a maior oportunidade para o setor se adaptar às demandas do mercado global e aos desafios climáticos: “O regenerativo tropical é a chance de revermos nossas bases e ocuparmos mercados que exigem práticas sustentáveis e carbono negativo.”