Sorgo-biomassa: a alternativa sustentável que pode revolucionar a energia no Brasil

Na busca por soluções sustentáveis para geração de energia, o sorgo biomassa desponta como uma promissora alternativa em todo o mundo. No Brasil, apesar das excelentes condições para o cultivo dessa planta, desafios relacionados à logística e ao armazenamento da matéria-prima ainda limitam seu uso em larga escala. No entanto, a Embrapa Milho e Sorgo tem trabalhado desde 2014 para desenvolver soluções que impulsionem a viabilidade desse cultivo, conforme detalhou o pesquisador Flavio Tardin em entrevista ao programa Planeta Campo.

O que é o sorgo biomassa?

Embora pertençam à mesma espécie, o sorgo biomassa e o sorgo granífero apresentam características distintas. “Enquanto o sorgo granífero tem porte baixo e é voltado à produção de grãos para ração animal, o sorgo biomassa pode alcançar até cinco metros de altura, produzindo grande quantidade de matéria vegetal por hectare”, explicou Tardin. A alta produção de biomassa faz dele uma excelente opção para uso energético, seja na forma de silagem ou como combustível para fornos industriais.

Os desafios do sorgo biomassa no Brasil

Apesar do grande potencial energético, o sorgo biomassa enfrenta entraves logísticos. Segundo Tardin, “a baixa densidade e a alta umidade da biomassa dificultam o transporte e a armazenagem, além de reduzir a eficiência energética, já que a água contida na planta rouba parte da energia útil.”

Soluções da Embrapa: Bricks e Pellets

Para superar esses desafios, a Embrapa desenvolveu alternativas como a compactação da biomassa em forma de bricks ou pellets. “Com essa tecnologia, conseguimos densificar o material, reduzindo significativamente o volume e a umidade transportados. Isso permite levar até três vezes mais energia por caminhão em comparação ao cavaco de eucalipto”, destacou o pesquisador.

Essa solução já está sendo testada em escala comercial, com resultados promissores. Uma parceria com uma indústria de calcário no Ceará, que enfrenta restrições para cultivo florestal, demonstra como o sorgo pode ser uma alternativa sustentável e eficiente, adaptando-se a solos menos profundos e fornecendo energia em curto prazo.

Rápida renovação energética

Além de sua alta densidade energética, o sorgo biomassa oferece uma vantagem estratégica: rapidez no ciclo de produção. “Enquanto o eucalipto leva seis anos para atingir o ponto de corte, o sorgo é uma cultura anual. Em seis meses, já é possível obter energia equivalente a 50% de uma lavoura de eucalipto”, ressaltou Tardin.

Com sua capacidade de atender demandas energéticas imediatas, o sorgo biomassa surge como uma alternativa viável para a transição energética no Brasil, especialmente em regiões com gargalos de energia.