
A Sabesp, em parceria com a Unesp e a Fapesp, está ampliando a produção do Sabesfértil, fertilizante orgânico feito a partir do lodo do esgoto tratado. Produzido em Botucatu (SP), o adubo já vem sendo usado em áreas agrícolas e projetos de pesquisa, fortalecendo a economia circular ao transformar resíduos urbanos em insumo valioso para a agricultura.
De acordo com Rachel Sampaio, diretora de Sustentabilidade da Sabesp, o processo garante segurança sanitária e rastreabilidade, além de oferecer benefícios sociais, ambientais e econômicos. “É um insumo de qualidade e com baixo custo, que melhora o solo, retém água e ainda gera produtividade”, destacou.
Como funciona a produção do Sabesfértil
O lodo do esgoto passa por um rigoroso processo de higienização, estabilização e secagem, eliminando patógenos e garantindo segurança sanitária. O resultado é um fertilizante registrado no Ministério da Agricultura, rico em matéria orgânica, nitrogênio, fósforo e potássio.
Por enquanto, o uso está concentrado em Botucatu, mas o projeto já projeta expansão para outras regiões. O Sabesfértil pode ser aplicado em culturas como cana-de-açúcar, café, citros, florestas e pastagens, além da recuperação de áreas degradadas. A única restrição é o uso em hortaliças cruas de consumo direto.
Benefícios ambientais e sociais do Sabesfértil
O adubo representa um modelo prático de economia circular, unindo saneamento básico e produção rural. Para a agricultura, os principais ganhos incluem:
- Baixo custo em comparação a fertilizantes convencionais;
- Aumento da produtividade agrícola;
- Melhoria da qualidade do solo, tornando-o mais resiliente;
- Maior retenção de água no solo, essencial em períodos de estiagem;
- Recuperação de áreas degradadas.
“Quando o esgoto deixa de ser visto como resíduo e passa a ser tratado como produto, todos ganham: produtores, empresas e a sociedade”, explicou Rachel Sampaio.
Expansão do uso e integração com a pesquisa acadêmica
Segundo a diretora, a parceria com universidades e agências de fomento foi essencial para transformar a pesquisa em uma solução escalável. A iniciativa também tem rendido reconhecimento internacional e fortalecido a formação de talentos acadêmicos.
“É uma oportunidade única de transformar conhecimento em produtividade. Essa conexão entre academia e empresas mostra como desafios reais podem virar soluções globais”, afirmou Rachel.
A Sabesp já estuda ampliar a produção e levar a tecnologia para novas regiões. O sucesso depende da demanda dos produtores rurais e da participação de universidades e instituições que fortaleçam o desenvolvimento científico e tecnológico.
Um futuro de integração entre cidade e campo
O Sabesfértil simboliza uma ponte entre atividades urbanas e rurais, mostrando que resíduos das cidades podem gerar benefícios concretos no campo. Com baixo custo, qualidade comprovada e impacto positivo para a agricultura, o fertilizante tem potencial para transformar a forma como o Brasil lida com os resíduos de esgoto.
“Estamos diante de um círculo virtuoso, no qual um resíduo urbano se transforma em solução agrícola, promovendo sustentabilidade e produtividade no campo”, concluiu Rachel Sampaio.