PROPOSTAS

Friboi defende aumento de produtividade como base da sustentabilidade na COP30

Iniciativas como os Escritórios Verdes e o Programa Pecuária Sustentável do Pará mostram avanço na integração entre produção e preservação

Renato Costa, presidente da Friboi
Foto: JBS

A transição para sistemas alimentares sustentáveis e resilientes exige aumento de produtividade, inclusão social e apoio técnico ao produtor. A avaliação foi feita por Renato Costa, presidente da Friboi, durante o painel “Transformando Sistemas Alimentares”, promovido pela SB COP — iniciativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) que reúne representantes do setor privado para formular propostas às negociações globais em curso na COP30.

Costa defendeu que a produtividade é parte essencial da sustentabilidade. “É preciso produzir mais com menos recursos. Não há outro caminho”, afirmou. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), a produção de carne no Brasil cresceu 122% nos últimos 30 anos, enquanto a área de pastagem reduziu 19,5%. Dados da FAO apontam tendência semelhante em escala global: entre 1960 e 2010, a produtividade mundial aumentou 150%, e a área agrícola expandiu apenas 12%.

Projetos de inclusão e assistência técnica

A JBS, uma das maiores empresas de alimentos do mundo, apresentou no evento resultados de iniciativas que combinam boas práticas e suporte técnico. O programa Escritórios Verdes, criado em 2021, já regularizou mais de 20 mil fazendas e recuperou cerca de 8 mil hectares. A nova versão, o Escritório Verde 2.0, tem foco no aumento da produtividade e rentabilidade dos pequenos produtores.

“Os Escritórios Verdes auxiliam na regularização ambiental, reintegrando produtores bloqueados e propriedades fora da base da empresa”, disse Costa. Segundo ele, o objetivo é transformar desafios legais em oportunidades de inclusão e sustentabilidade.

Transparência e tecnologia

A JBS também apresentou avanços em rastreabilidade e monitoramento. Há mais de 15 anos, a empresa investe no acompanhamento dos fornecedores diretos e, recentemente, implantou uma plataforma de blockchain que permite que esses fornecedores acompanhem seus próprios fornecedores.

A companhia participa ainda do Programa Pecuária Sustentável do Pará, que busca garantir rastreabilidade individual para 100% dos animais do estado. Em parceria com a The Nature Conservancy (TNC) e com apoio do Bezos Earth Fund, a empresa anunciou a doação de 2 milhões de brincos de identificação (tags). Outra frente é o Acelerador JBS, que destinou mais de 1 milhão de tags ao mesmo objetivo.

Apoio a projetos socioambientais

No Pará, o Fundo JBS pela Amazônia apoia o projeto RestaurAmazônia, conduzido pela Fundação Solidaridad. A iniciativa atua junto a mais de 1.400 famílias em assentamentos rurais e tem mostrado resultados expressivos: a renda média das famílias aumentou 175% e a produtividade no campo cresceu 64%.

Coalizão entre empresas e academia

O painel “Transformando Sistemas Alimentares” também contou com a participação de Jai Shroff (CEO global da UPL), Naoko Yamamoto (presidente da Ajinomoto do Brasil), Felipe Albuquerque (diretor de Sustentabilidade da Bayer no Brasil) e Carolina Carregaro (diretora de Assuntos Públicos da Nestlé). Os representantes destacaram a importância da cooperação entre empresas, academia e governo para avançar em modelos de produção que conciliem segurança alimentar e sustentabilidade.