VITRINE SUSTENTÁVEL

'Brasil precisa mostrar que pode ser referência em segurança alimentar e transição energética', diz diretor da CNA

Confederação apresentou iniciativas de sustentabilidade e segurança alimentar que posicionam o país como referência global

Reprodução Canal Rural
Reprodução Canal Rural

Nesta sexta-feira (14), um dos debates na COP TV do Agro, durante a COP30, teve como objetivo a perspectiva do setor agropecuário brasileiro aos negociadores oficiais. Para isso, o sistema CNA/Senar estruturou seu trabalho em várias frentes, combinando embasamento técnico e demonstração prática das iniciativas do setor.

Bruno Lucchi, diretor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), destacou o papel do agro brasileiro na mitigação de mudanças climáticas e na transição energética global.

Documento de posição e negociações

Segundo o diretor, a primeira frente de atuação na COP30 foi a elaboração de um documento de posição, com contribuições de confederações de agricultura, sindicatos rurais, produtores e organizações do setor. O material inclui mercado de carbono, transição justa, indicadores de eficiência e estratégias de mitigação, servindo de orientação para as negociações e mostrando as prioridades do agro brasileiro.

“As negociações na COP são complexas, com interesses divergentes de 194 países. Sempre surgem travas, assim de países produtores de combustíveis fósseis”, explicou Lucchi. Apesar das dificuldades, o Brasil apresenta soluções concretas, reforçando que a agricultura tropical é parte da resposta global para a sustentabilidade.

Mostrando o que o Brasil já faz

A segunda frente da CNA na COP30 é apresentar ações concretas do Brasil na agricultura sustentável. Em parceria com a Embrapa, o país levou programas voltados ao produtor rural, incluindo palestras, o Café Sustentável e projetos de grãos, florestas e pecuária de corte.

Lucchi destacou que o objetivo é mostrar que o Brasil já adota práticas sustentáveis. ”O Brasil precisa mostrar que pode ser referência global em segurança alimentar e transição energética”, apontou.

AgriZone: inovação em comunicação

A AgriZone foi uma das iniciativas mais elogiadas, traduzindo o agro brasileiro em experiências visuais e práticas. “A ciência, os dados e a prática precisam ser mostrados de forma clara e visual. Vários chefes de Estado ficaram impressionados com os sistemas produtivos brasileiros”, afirmou Lucchi.

O espaço demonstrou que tecnologia em campo e comunicação visual são tão importantes quanto números e relatórios técnicos, garantindo reconhecimento internacional.

Tecnologia, financiamento e rentabilidade

Lucchi ressaltou que os produtores conhecem as tecnologias, mas adotam mudanças conforme a rentabilidade. “Se tivermos acesso a crédito com juros acessíveis, o produtor muda para sistemas mais sustentáveis. Sem isso, o avanço é limitado.”

A agricultura tropical brasileira, com seus sistemas produtivos eficientes, pode contribuir de forma significativa para o clima global. ”O Brasil já possui inventários de emissões, mas ainda enfrenta desafios na medição do sequestro de carbono. Bioinsumos, inteligência artificial e tecnologias inovadoras aumentam a efetividade do setor e consolidam o país como protagonista global”, comenta Bruno Lucchi.

Mensagem para os produtores

Lucchi reforçou a importância de aproximar os produtores da CNA, que funciona como porta de entrada para levar demandas ao nível nacional, incluindo crédito, infraestrutura e competitividade. A participação ativa fortalece o setor, aumenta a renda e garante que as vozes do campo sejam ouvidas.

Perspectiva internacional

Apesar do reconhecimento internacional, o Brasil não deve subestimar a concorrência e o ceticismo de outros países, principalmente em temas de transição energética e mercado de carbono. A CNA aposta na ciência, na prática e na comunicação visual como diferenciais para mostrar que o agro brasileiro é parte da solução global.