Manejo de efluentes de frigoríficos auxilia na sustentabilidade
O uso da água em frigoríficos representa um importante impacto ambiental.
Frigoríficos são empreendimentos agroindustriais caracterizados por usar grandes volumes de água, por consequência tendem a gerar altos volumes de efluentes. Os efluentes são os resíduos gerados durante o processo produtivo e podem ser sólidos ou líquidos. Depois que a água entra nesse sistema, ela deixa de ser potável.
Por essa razão o uso da água em frigoríficos representa um importante impacto ambiental que precisa ser, ao menos, controlado. Dessa forma, abatedouros e frigoríficos, essencialmente aqueles de pequeno e médio porte, precisam criar soluções para otimizar o uso de água, além de também ponderar as melhores medidas para o tratamento dos efluentes do empreendimento, priorizando a sustentabilidade.
Neste caso, algumas são as medidas que tornam esse sistema mais eficiente, ou seja, que consume menos água e promove melhor tratamento de efluentes.
A reportagem do Planeta Campo esteve em um dos maiores frigoríficos do Brasil para entender quais são os métodos que criam o pensamento sustentável na indústria.
De acordo com Tiago Petrini, coordenador corporativo de meio ambiente, a água é uma matéria-prima, um insumo indispensável no processo. “Temos um processo de tratamento de água e toda água que a gente trata acaba adentrando no processo produtivo, ou seja, ela entra em contato com nossos produtos”, disse.
Segundo Petrini, ela acaba incrementando as chamadas cargas orgânicas que ficam junto com a água, e é denominada efluente. “À partir daí, esse efluente deve ser tratado. Então nós temos uma estação de tratamento definida de efluente, na qual passam os processos, as etapas de tratamento para atingir um parâmetro factível com a legislação dos órgãos ambientais e posteriormente voltar à natureza, ou seja, ao rio”, contou.
A água em frigoríficos é amplamente utilizada em atividades como:
Lavagem dos animais no pré-abate;
Lavagem dos caminhões;
Lavagem de carcaças, vísceras e intestinos;
Movimentação de subprodutos e resíduos;
Limpeza e esterilização de facas, serras e equipamentos;
Limpeza das dependências, como pisos, paredes, equipamentos e bancadas;
Geração de vapor;
Resfriamento de compressores, entre outras necessidades
Na indústria frigorífica, os efluentes são caracterizados como:
Águas de lavagem de pisos e equipamentos envolvidos nos processos de abate;
Águas provenientes dos processos de limpeza e secagem das carcaças;
Efluentes de autoclaves nas separações de óleo das vísceras (frigoríficos de aves);
Penas, sangues, graxas e gorduras (aves);
Ossos, pelos, carnes, sangues, graxas e materiais do interior dos intestinos e estômago do animal (bovinos e suínos);
Fase líquida, resultante da centrifugação para a separação de gorduras.
Estes efluentes gerados nos processos produtivos (decorrentes do uso da água em frigoríficos) não apresentam características adequadas para serem descartados, sem tratamento, em corpos hídricos, por isso o tratamento é necessário.
Na localidade visitada pelo Planeta Campo, a água presente na produção vem do Rio Camanducaia. O frigorífico tem autorização legal para o uso.
Aline Zorzetti, Gestora Ambiental, conta como é o controle adequado para o retorno da água para a natureza. Segundo ela, a empresa tem três operadoras no sistema de tratamento de efluentes, em turnos diferentes. “Para garantir que essa água seja devolvida para o rio nos padrões de qualidade exigidos pelos órgãos ambientais a gente faz um sistema de controle dentro da unidade. Para obter essa qualidade de lançamento do efluente no rio, trabalhamos com controles operacionais dentro da empresa, fazemos ocontrole de PH e oxigênio nas lagoas e controle de resíduos sólidos. Toda a sistemática é para garantir a qualidade do efluente no processo final”, afirmou.