Brasil se prepara para vender mais à China sustentável
Tradicional importadora de produtos brasileiros, a China sustentável tem surgido para trazer mais boas práticas no campo. Brasil tem chance de aumentar vendas.
A China, que é tradicional mercado importador de produtos agropecuários brasileiros, está com uma nova consciência: a da sustentabilidade, criando até o conceito de “China sustentável”
Não que isso seja exatamente uma novidade, mas agora o país está sendo mais rígido nos pedidos feitos, especialmente ao Brasil.
O tema foi trazido à tona durante o 2º Diálogo Brasil-China sobre agricultura sustentável, em que a nova característica chinesa passou a ser conhecida amplamente.
Como a “China sustentável” surgiu?
Ao Planeta Campo, Larissa Wahholz, sócia da Vallya, que atua no desenvolvimento de análises técnicas para conduzir a estruturação de negócios entre Brasil e China, afirma que as ações ainda são recentes, mas que tem motivador: a consciência de que o crescimento do país trouxe consequências nocivas ao meio ambiente.
“A partir deste reconhecimento, os chineses tem procurado atuar de forma mais organizada do ponto de vista do controle de emissões, compromissos ambientais, separação de lixo. Tudo isso dentro de várias ações pensando na sustentabilidade”, explica.
Em setembro de 2020, na Assembleia Geral das Nações Unidas, o país firmou um compromisso de redução de emissões até 2060, com pico em 2030 — o que fez aumentar ainda mais a velocidade das novas medidas da China sustentável, segundo Larissa.
“Foi por causa disso, também, que esses diálogos com o Brasil começaram a ficar mais fortes, justamente por causa do know-how brasileiro nesse sentido”, acrescenta.
Quais os produtos que precisam passar por mudança?
A sócia da Vallya afirma que as culturas mais “atingidas” por esse protocolo de emissões da China são as de soja em grãos, que está sempre no topo das discussões; e a de carnes, inclusive bovina, que tem um grande potencial de crescimento, segundo Larissa.
“Os chineses estão tentando fazer uma reflexão sobre como as empresas devem se comportar no mundo, e de que forma eles podem contribuir para redução das emissões. O que a gente imagina é que os financiadores chineses vão adotar critérios de sustentabilidade parecidos com os dos Estados Unidos e dos próprios paises europeus”, argumenta.
Brasil pode se adequar ainda mais
Larissa reconhece que o agronegócio brasileiro é muito sustentável, mas vê também oportunidades para que isso seja ainda melhorado para que as vendas para a “China sustentável” possam crescer também.
“Observamos que há uma grande oportunidade nos financiadores, investidores, em participar do fomento às melhores práticas. Seja no complexo soja, na carne, tanto faz. Podem ser feitos financiamentos aos grupos de produtores que se adequem às regras chinesas, por exemplo”, finaliza.