Como a soja pode ajudar a reduzir a emissão de carbono no Brasil
Sistema de Plantio Direto e rotação de culturas são exemplos de como a soja pode ajudar a reduzir emissão de carbono no Brasil
Uma das principais pautas no agronegócio brasileiro hoje é como reduzir a emissão de carbono no Brasil e, consequentemente, diminuir os efeitos dos gases do efeito estufa.
E, aos poucos, por meio da ciência e das novas tecnologias, é possível mapear em quais produções é possível tomar atitudes que contribuam nesse sentido.
O Planeta Campo promoveu um debate com o pesquisador do Departamento de Ciência do Solo da Esalq, em Piracicaba, interior de São Paulo, Carlos Eduardo Cerri, e o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), José Sismério, que falaram sobre o tema.
Soja pode ser aliada para reduzir a emissão de carbono no Brasil?
O pesquisador da Esalq afirma que sim. Um estudo foi feito em parceria com a Aprosoja no Estado de Mato Grosso, onde foi analisado, especialmente, o “balanço de carbono” na produção.
Na analogia, um dos lados da balança significa a entrada conseguida pelo sequestro de carbono, e a saída são as emissões propriamente ditas.
“O que avaliamos é que, sim, a soja, como qualquer outro produto ou sistemas de produção, emitem gases para a atmosfera. Mas, a emissão, comparada com a fixação, resultou em um balanço interessante. A soja sequestra mais carbono do que emite“, explica.
José Sismério aponta que a redução na emissão de carbono no Brasil é possível hoje devido às boas práticas que são usadas no campo.
“O plantio direto, não revolver a terra, a rotação dos cultivos (junto com o milho, por exemplo) são medidas que já são adotadas pelos agricultores brasileiros há vários anos. Então, só tivemos a certeza que estamos no caminho certo nesse sentido”, disse.
Como o sequestro de carbono funciona
Na avaliação dos dois especialistas, uma das primeiras ações que o produtor que ainda não está totalmente adaptado às boas práticas pode fazer é o Sistema de Plantio Direto.
A redução na emissão de carbono no Brasil passa pelo processo de sequestro do gás.
Cerri explica que, a partir do momento que a planta sequestra o carbono, o armazena na raiz, e lá pode ficar por muito tempo — até por isso a técnica de revolver a terra não é recomendada, pois o dióxido de carbono pode sair.
“Manter plantas de cobertura ajuda a manter o gás na terra, sem ele subir para a atmosfera. E a rotação com diferentes substratos também auxilia nessa ‘manutenção’ do carbono no solo”, complementa.
Exemplo para o mundo
O presidente da Aprosoja nem considera que é necessário mais “incentivar” a adoção dessas práticas para reduzir a emissão de carbono no Brasil, pois considera que praticamente todos os produtores já tem isso em mente.
“O que a Aprosoja tem feito é correr atrás da legislação, para que tudo seja colocado de maneira bem clara, e também mostrar isso para o resto do mundo. Em uma palestra recente para o mercado internacional, mostramos o quanto o nosso produtor ajuda a proteger a floresta”, exemplifica.