Agronegócio: inovações para ficar de olho em 2024

Com extremos climáticos cada vez mais intensos, o agro terá diversos desafios para continuar alimentando mais pessoas, mantendo a mesma área

O agronegócio brasileiro teve um ano positivo em 2023, com recorde na safra de milho e expansão do PIB do setor de 14,8%. No entanto, as perspectivas para 2024 são mais desafiadoras, com previsão de redução de 2,8% na safra.

Essa redução se deve, principalmente, às variações climáticas, como o excesso de chuvas no Sul e a seca no Norte, que atrapalharam o plantio. Além disso, os conflitos na Europa e no Oriente Médio também devem impactar o setor, já que interferem no preço do petróleo, afetando os custos de produção de fertilizantes, pesticidas, diesel e fretes.

Para minimizar a dependência das mudanças climáticas e apostar em um agro mais sustentável, com fertilizantes e defensivos “de casa”, importantes cientistas de Agri biotechs brasileiras estão desenvolvendo novas tecnologias para o setor.

Edição genética

Uma das soluções é a edição genética, que não é transgenia. A ideia é editar genes-chave da própria planta para promover a melhoria de qualquer característica agronômica desejável.

A InEdita Bio, startup de inteligência em Life Science, está desenvolvendo plataformas de edição genética que podem ser utilizadas com qualquer método de transfecção celular. Com essas plataformas, é possível desenvolver variedades resistentes a pragas e doenças, variedades com maior capacidade de fixação biológica de nitrogênio, e variedades mais resilientes a episódios de seca e altas temperaturas.

“Nossos traits biotecnológicos de alto valor permitem a produção sustentável de alimentos, com redução do impacto socioeconômico e ambiental dos fertilizantes e pesticidas químicos, e aumento da resiliência das culturas globais aos efeitos das mudanças climáticas”, afirma Paulo Arruda, sócio-fundador da InEdita.

Biológicos de nova geração

Outra solução, é o uso de biológicos de nova geração, soluções desenvolvidas à base de novos microrganismos. A Symbiomics, startup brasileira, está trabalhando com o que há de mais avançado no mercado para estudos de microbioma, genômica, análise de dados e edição genômica.

A startup desenvolve soluções de nutrição vegetal, biocontrole, sequestro de carbono e bioestimulantes usados para aumentar a produtividade agrícola de forma sustentável e com menor impacto ambiental.

“As novas tecnologias biológicas da Symbiomics são capazes de captar e melhorar a absorção de nutrientes para o ecossistema, como nitrogênio e fósforo. Isso sem gerar danos aos solos, biomas e, principalmente, à saúde humana, já que substituem parte dos produtos químicos comumente usados e com alto índice de toxicidade”, afirma Rafael de Souza, CEO e cofundador da startup.

Em termos econômicos, para o Brasil, as biotecnologias desenvolvidas pela startup podem reduzir a dependência de insumos importados, desvinculando os custos dos produtores da variação do dólar e do custo de transporte internacional.

“Nossas soluções têm um potencial essencial na adaptação das plantas às condições climáticas adversas, situação que vem se agravando por conta do aquecimento global. No aspecto ambiental, as tecnologias desenvolvidas pela Symbiomics – ao empregarem microrganismos nativos e mais eficientes do ponto de vista de atuação – estimulam a manutenção das comunidades microbianas benéficas existentes no solo, gerando maior equilíbrio e oferecendo uma barreira aos fitopatógenos que causam danos à cultura e prejuízos aos produtores”, completa Jader Armanhi, COO e cofundador da Symbiomics.