Brasil e Argentina produzindo fertilizantes juntos? Veja como isso vai funcionar
A colaboração entre os países na produção de fertilizantes é vista como uma oportunidade estratégica para impulsionar o setor agrícola e reduzir a dependência externa por insumos agrícolas e tecnologias
Uma delegação do Ministério da Agricultura e Pecuária está em missão na Argentina para explorar oportunidades de colaboração bilateral na produção de adubos e fertilizantes, insumos essenciais para o setor agrícola. A missão visa fortalecer a cooperação entre os dois países na área de fertilizantes e nutrição de plantas.
O secretário executivo adjunto do Ministério da Agricultura, Cleber Soares, se reuniu com o secretário da Agricultura, Pecuária e Pesca da Argentina, Juan Jose Bahillo, para discutir ações conjuntas e trocar informações sobre os planos nacionais de fertilizantes de ambos os países.
Fertilizantes
A produção agrícola brasileira depende hoje de 85% de fertilizantes importados para se viabilizar. E no caso específico do potássio, crucial em todas as culturas agrícolas, a dependência do insumo importado chega a 96%
A dependência externa de fertilizantes começou a se tornar mais problemática em 2021, devido às sanções ocidentais contra Belarus (ou Bielorrússia), país do qual o Brasil estava importando cerca de 19% do que aplicava na produção agrícola. A situação piorou em 2022 a partir das sanções contra a Rússia, que responde por aproximadamente 23% das importações brasileiras de fertilizantes.
Pelas dificuldades tecnológicas e logísticas, pelo abandono do investimento no setor e pelas privatizações, o Brasil deixou de produzir fertilizantes em um nível relevante para a produção nacional, e por isso acaba importando esses insumos.
Como a parceria vai funcionar?
A Argentina possui grandes reservas de gás natural, que podem ser usadas para a produção de fertilizantes nitrogenados, além de reservas significativas de potássio. O Brasil, por sua vez, é um grande consumidor de fertilizantes e depende em grande parte de importações para atender à demanda.
A colaboração entre os dois países pode beneficiar ambos, permitindo o acesso a insumos estratégicos e reduzindo a dependência de importações. Além disso, a produção conjunta pode impulsionar o setor agrícola e contribuir para o desenvolvimento sustentável da região.
A missão brasileira também participou da XIV Argentina Oil & Gas Expo e visitou instalações de exploração de potássio em Mendoza, onde ocorreu a assinatura de um contrato para a exploração de uma mina de potássio. Essa produção é de alta qualidade e pode ser totalmente absorvida pelo Brasil, que atualmente depende de importações desse insumo.
Redução da dependência
A colaboração entre o Brasil e a Argentina na produção de fertilizantes e nutrição de plantas é vista como uma oportunidade estratégica para impulsionar o setor agrícola e reduzir a dependência externa por insumos agrícolas e tecnologias.
A iniciativa também conta com a participação do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), que tem como objetivo promover a cooperação e o desenvolvimento sustentável na agricultura na América Latina e no Caribe.
Essa colaboração bilateral pode contribuir para o fortalecimento do agronegócio na região e beneficiar os produtores rurais de ambos os países, além de promover a segurança alimentar e o desenvolvimento econômico.
O secretário executivo adjunto do Mapa, Cleber Soares, esteve reunido, recentemente, com o secretário da Agricultura, Pecuária e Pesca da Argentina, Juan Jose Bahillo, quando foram discutidas ações e trocas de informações e, em especial, sobre os planos nacionais de fertilizantes de cada país vizinho.
“Estamos aqui para apresentar e identificar pontos convergentes para relação bilateral de futuro comércio de fertilizantes e oportunidades em bioinsumos. Precisamos conhecer melhor as potencialidades da Argentina na produção de nitrogenados a partir de gás natural e na produção de potássio – elementos essenciais para os cultivos brasileiros. Por outro lado, é importante para o Brasil abrir mercado para bioinsumos, tanto biofertilizantes como biodefensivos, segmento que somos líderes no mundo”, considera Cleber Soares.
Com informações de Agência Senado