“Precisamos acelerar a transferência de conhecimento e o acesso ao financiamento para pequenos produtores”, defende CEO da JBS

Para o CEO da JBS, Gilberto Tomazoni, a grande questão é a união entre setores privado e público – para fornecer o financiamento inicial necessário para que os agricultores adotem práticas mais sustentáveis

A importância de fornecer conhecimento e acesso ao financiamento para apoiar os pequenos produtores na transição alimentar sustentável e não permitir que o custo dos alimentos aumente, uma vez que um terço da população mundial não tem acesso a uma nutrição adequada, foram destacados como dois pontos fundamentais por Gilberto Tomazoni em painel da First Movers Coalition for Food na quinta-feira (18) durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça.

O CEO Global da JBS, uma das maiores empresas de alimentos do mundo, enfatizou que as tecnologias já estão disponíveis. Para Tomazoni, “é uma questão de nos unirmos” -setores privado e público – para fornecer o financiamento inicial necessário para que os agricultores adotem práticas mais sustentáveis, como a integração Lavoura-Pecuária-Floresta e a agricultura regenerativa.

Ele também detalhou o trabalho que a JBS e a indústria em geral estão realizando para testar aditivos para rações de bovinos visando reduzir as emissões de metano entérico.

Tomazoni argumentou ser necessário acelerar o apoio às práticas regenerativas, especialmente nas pequenas propriedades rurais, destacando que, dessa forma, a agricultura é uma solução chave para dois grandes desafios globais – combater as mudanças climáticas e alimentar a crescente população global, que deverá atingir quase 10 bilhão de pessoas até 2050, segundo a ONU.

A First Movers Coalition for Food está focada em aproveitar o poder de compra de grandes empresas e governos em todo o mundo para incentivar a adoção de métodos de produção mais sustentáveis, impulsionando o desenvolvimento de produtos de baixo carbono.

Os sistemas alimentares são responsáveis por 30% das emissões de gases com efeito de estufa, mas recebem menos de 4% do financiamento climático, destacou Tomazoni.

“Especialmente para o pequeno produtor, o acesso ao capital inicial é essencial para a transição para práticas mais sustentáveis, como o plantio de cacau, além da criação de gado, reduzindo a necessidade de desmatamento e garantindo a produtividade e a geração de renda dos pequenos produtores,” ele disse.

Na sessão, os participantes concordaram que o papel dos sistemas alimentares está num ponto de inflexão. O Fórum Econômico Mundial estima que 10 bilhões de dólares, mais de 12% do PIB global, são gerados pelo setor, que representa, globalmente, 40% de todos os empregos. A produção de alimentos ainda responde por mais de 70% do consumo global total de água doce.

“Ao longo de toda a cadeia alimentar, devemos ajudar os nossos parceiros produtores a adotar novas tecnologias e a gerir suas operações de forma mais sustentável, segundo os mais elevados padrões ambientais”, disse Tomazoni durante o evento.

A JBS vê a sustentabilidade como uma grande oportunidade para tornar os processos mais eficientes. Para a empresa, alimentar a crescente população global e contribuir para as alterações no clima são desafios e oportunidades, que só serão aproveitadas em parceria com os produtores, como pretende a coalizão.

Jbs

Foto: JBS

A empresa aderiu à First Movers Coalition for Food durante a COP28, realizada em Dubai no fim do ano passado, com a liderança do Fórum Econômico Mundial e o apoio do governo dos Emirados Árabes Unidos e de outras 19 empresas. Para Tomazoni, a atuação conjunta será crucial para superar os desafios globais.

“Precisamos unir forças porque este é um dos desafios que precisamos resolver juntos – sociedade, setor público e iniciativa privada. É fato que precisamos alimentar a população global e reduzir as emissões de gases de efeito estufa. O mais importante é colocarmos os agricultores – as pessoas – no centro”, enfatizou.

Tomazoni também citou o exemplo dos Escritórios Verdes no Brasil, iniciativa da JBS que visa apoiar pequenos produtores na regularização socioambiental e promover práticas pecuárias de baixo carbono.

Além disso, o CEO da JBS comentou sobre o investimento da empresa no Pará, que conta com um projeto-piloto de rastreabilidade individual do rebanho bovino. Ainda no estado, o Fundo JBS pela Amazônia apoia projeto da ONG Solidaridad com 1.500 famílias.

O painel em Davos também contou com Ramón Laguarta, presidente e CEO da PepsiCo; Megan Scarsella, diretora-executiva da Eleven Foundation, e Axton Salim, diretor e membro do Conselho da  Indofood.