Certificadora brasileira propõe popularizar mercado de créditos de carbono

A certificação de créditos de carbono é realizada para atestar o potencial de determinada área para remoção ou redução de CO₂

A certificadora brasileira de créditos de carbono, Tero Carbon, sediada em Manaus, pretende popularizar o mercado de crédito de carbono, tornando a certificação de projetos mais ágil e acessível a pequenas propriedades.

A certificação de créditos de carbono é realizada para atestar o potencial de determinada área para remoção ou redução de CO₂ (dióxido de carbono), um dos gases causadores do efeito estufa. É a partir dessa certificação que os créditos podem ser transacionados em mercado.

De acordo com levantamento produzido pela Câmara de Comércio Internacional (ICC Brasil) e pela consultoria WayCarbon, 92% dos projetos de créditos de carbono são certificados por empresas provenientes do exterior. Com isso, os custos são elevados e o prazo para realização dos trabalhos é extenso. Recentemente, também foram levantados questionamentos quanto à qualidade dos ativos gerados por certificadoras internacionais.

O CEO da Tero Carbon, Francisco Higuchi, doutor em Ecologia e Manejo de Florestas Tropicais (UFPR/INPA/ FFPRI Japão) que possui mais de 15 anos de experiência em projetos florestais e de estimativa de carbono na Amazônia, explica que a empresa apresenta uma solução simples e confiável.

“Hoje, o mercado é voltado para grandes projetos, grandes áreas, com volumosos investimentos. Nossa ideia é abrir espaço para toda e qualquer propriedade que possua florestas, para que contribuam com a mitigação dos efeitos da mudança do clima”, destaca.

Criada há cerca de um ano, a Tero Carbon é a única certificadora do país com DNA genuinamente amazônico que utiliza metodologias especialmente desenvolvidas para a realidade brasileira.

Isso significa que o modelo utilizado pela empresa respeita as características do território nacional, empregando abordagem objetiva e com protagonismo do componente social. Além disso, as metodologias da empresa adotam práticas de Mensuração, Reportagem e Verificação (MRV) e métodos reconhecidos pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da ONU.

Enquanto as certificadoras internacionais trabalham com áreas que superam os mil hectares, a Tero Carbon realiza certificações com áreas a partir de cinco hectares.

Outro diferencial é que a empresa é uma certificadora digital, em que o processo é realizado por meio de uma plataforma em ambiente virtual. A auditoria, entretanto, é realizada tanto por meio digital como em campo, com a validação de informações em uma combinação de análises da equipe técnica, imagens de satélite e dados obtidos de bases oficiais.

A empresa também utiliza blockchain para conferir segurança e rastreabilidade aos ativos ambientais certificados. Essa tecnologia armazena dados em blocos interligados em uma cadeia compartilhada. Não é possível excluir nem modificar a cadeia sem o consenso da rede, o que torna o mecanismo inalterável ou imutável.

Com isso, é possível conceder confiabilidade e garantir a não duplicidade dos ativos. A Tero Carbon ainda utiliza a plataforma OpenSea para mostrar as informações públicas dos projetos e links para os principais documentos, o que também confere transparência aos certificados emitidos.

Segundo estimativas da ICC Brasil, o mercado brasileiro de carbono pode gerar receitas de até US$ 100 bilhões ao ano. O Brasil foi o primeiro país a lançar, em agosto deste ano, uma bolsa de crédito de carbono, a B4. A ideia é que a bolsa seja um facilitador para empresas que desejam compensar as suas emissões.

Entidades públicas e privadas apoiam a iniciativa

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Foto: Envato

A Tero Carbon surgiu de uma demanda do mercado por certificadoras que possuíssem processos mais simples, ágeis e confiáveis.

Seu modelo foi desenvolvido com o apoio de diversas instituições, como a Federação Nacional das Indústrias do Estado da Amazônia (FIEAM), da Incubadora de Empresas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (IE-INPA), entidade ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, e da venture builder VB92 Launch Hub.

A iniciativa também recebe o apoio do pesquisador do INPA, Niro Higuchi, que recebeu o prêmio Nobel da Paz em 2007, junto a outros cientistas que trabalharam no Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em inglês) da ONU, e do professor e pesquisador José Alberto da Costa Machado, que atuou junto a instituições como Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) e INPA.

A equipe técnica da Tero Carbon possui ampla experiência no desenvolvimento de projetos de carbono florestal, com expertise sobre a logística da região e aspectos sociais das comunidades tradicionais. Atualmente, a empresa possui as metodologias TERO. 001 – REDD+ e TERO. 002 – REDD, que se destinam a certificação de florestas em pé preservadas.

As metodologias TERO.003, relacionada a estoques de carbono em florestas do bioma amazônico, e TERO.004, que trata de estoque de carbono em sistema agrossilvipastoril, encontram-se em consulta pública – processo pelo qual todas as metodologias utilizadas pela empresa passam, como forma de sanar dúvidas e receber contribuições.

Recentemente, a Tero Carbon recebeu o prêmio Green and Digital Startup Award, da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo (AHK São Paulo).

Além de obter a primeira colocação na classificação geral, também conquistou a primeira posição na categoria NET-ZERO. A empresa ainda foi uma das selecionadas para participar do Inova Amazônia, programa de aceleração do Sebrae criado para fortalecer a bioeconomia na região e fomentar o crescimento econômico com inovação aberta e conservação ambiental.