CNA: Brasil será maior agro do mundo em 2035

Gedeão Pereira, vice-presidente da CNA, ainda afirmou que o Brasil é o país com a energia mais limpa comparado com o resto

Agricultural field with even rows in the spring. Growing potatoes. Purple sunset clouds in the background
Agricultural field with even rows in the spring. Growing potatoes. Purple sunset clouds in the background

“O Brasil será o maior produtor de alimentos do mundo em 2035”, disse o segundo vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Gedeão Pereira, no dia da Alimentação e Agricultura na COP28 em Dubai. Pereira, que é presidente da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), falou à ANBA sobre o painel que tratou dos desafios de conciliar a segurança alimentar e energética com a segurança climática.

“Nunca teve na história da humanidade um crescimento agrícola dessa magnitude, em 26 anos um país passar de importador a maior exportador mundial, e daqui a uns anos, o Brasil será o maior produtor”, declarou. Ele lembrou que a CNA tem escritórios em Dubai, Shangai e Singapura para fazer a promoção de produtos brasileiros como frutas, castanhas e cafés especiais.

Pereira afirmou que, entre os diferentes tipos de energias renováveis discutidos, o Brasil tem a energia mais limpa do mundo, com hidrelétrica e grandes investimentos em eólica e fotovoltaica, além do biocombustível etanol proveniente da cana-de-açúcar e, agora, com investimentos no etanol de milho.

“Temos esta enorme agricultura usando apenas 22% do território nacional. A agricultura brasileira exercita a melhor tecnologia disponível no mundo hoje, porque, se ela consegue ser uma das maiores agriculturas do mundo em 22% do território, ela não está destruindo a Amazônia, são outras causas, garimpo ilegal, madeireiras ilegais. Então vemos a agricultura com muito equilíbrio ambiental”, declarou.

Pereira afirmou que a Amazônia não é sustentável, a não ser no ambiental. “O que é sustentabilidade? Um tripé, econômico, social e ambiental. Falta o econômico e o social. Temos que descobrir uma maneira de desenvolver as pessoas que vivem na Amazônia, não posso aceitar ter 30 milhões de pobres na Amazônia”, disse.

E de que formas isso poderia ser feito? “O nosso código florestal diz que eu posso desmatar uma parte, por exemplo, mantendo 80%, tenho que seguir isso. Não topamos o ilegal, mas o legal, porque as pessoas têm que viver, fazer uma boa pecuária, uma boa agricultura, e se desenvolver humanamente, e não ficar marginalizados”, declarou.

Exploração de petróleo na Amazônia

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Foto: Agência Brasil

Gedeão Pereira acredita que é preciso explorar as fontes de petróleo e gás da Amazônia.

“Tem que explorar, porque se tem um país com diversas fontes energéticas, o petróleo é mais uma delas, e a humanidade ainda não pode abdicar do uso do petróleo porque não tem uma tecnologia que pode substituí-lo em todos os níveis. É riqueza”, declarou.

“Qual combustível que vou usar no trator para produzir o alimento?”, questionou, informando que hoje, todo o maquinário agrícola do Brasil e do mundo é movido a diesel.

“E agora, uma parte já é movida a biodiesel, que é 10% de óleo de soja. O etanol não tem produção suficiente”, disse.

Plano da FAO

Durante o dia da Alimentação e Agricultura na COP28, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) lançou um plano (roadmap, em inglês) que visa alinhar os sistemas alimentares para 1,5°C e fome zero. Os sistemas alimentares contribuem com um terço das emissões globais de gases de efeito estufa, enquanto as mudanças climáticas levaram mais 122 milhões de pessoas à situação de fome desde 2019.

Segundo analistas do clima, o plano da FAO é um primeiro passo importante que estabelece metas e prazos para 10 áreas, entre elas, mudanças climáticas, biodiversidade, dietas saudáveis e produção sustentável.

Mas o plano também foi criticado por ser insuficiente. Especialistas apontam que ele não dá a devida atenção à natureza e não aborda as desigualdades de poder no sistema alimentar.