Genética e manejo sustentável garantem a produção da soja em tempos de desequilíbrio climático
Do campo à mesa, setor produtivo da soja deve intensificar o trabalho em um manejo sustentável, que diminua as emissões de gases de efeito estufa para ampliar o aproveitamento dos benefícios genéticos. A soja está entre as culturas de maior avanço genético, até mesmo com a movimentação de milhões de dólares em todo mundo. Porém, […]
Do campo à mesa, setor produtivo da soja deve intensificar o trabalho em um manejo sustentável, que diminua as emissões de gases de efeito estufa para ampliar o aproveitamento dos benefícios genéticos.
A soja está entre as culturas de maior avanço genético, até mesmo com a movimentação de milhões de dólares em todo mundo. Porém, este grão está listado como um dos que mais vai sofrer perdas de produtividade por conta do aquecimento global. Esta é uma grande preocupação não só para quem cultiva, mas também para quem depende do grão como insumo, como pecuaristas.
Vamos entender esta questão entre a pesquisa genética e o desequilíbrio climático, que puxa para mais ou para menos a produtividade. No centro da disputa, está o agronegócio, que só sairá ileso se colocar uma força numa terceira via, que une as duas pontas: trabalhar em um manejo sustentável, que diminua as emissões de gases de efeito estufa visando o aproveitamento dos benefícios genéticos.
De acordo com o produtor de Atibaia, no interior de São Paulo, Fábio Infantozzi, a irrigação já foi iniciada e ele acredita que a seca ainda vai continuar por mais algum tempo. “Os relatos que escutamos é que ela veio para ficar. Percebemos que ela está se alongando e os índices pluviométricos estão baixando. Eu não vejo futuro na agricultura sem irrigação”, destacou o produtor. “Em relação à genética, já temos notícias de sementes originárias da Argentina que já contém a resistência à seca, o que vai nos ajudar aqui no Brasil. Este investimento genético para nós é muito bom para conseguirmos mais produtividade e maior resistência à doenças e à seca”, apontou.
O consultor técnico José Eduardo de Faria explica o que é necessário para minimizar os impactos do clima. “A soja já conta com várias tecnologias, com a transgenia já embutida na semente. Temos também o manejo cada vez mais sustentável, com a integração de produtos biológicos e químicos, todos em conjunto e como estamos fazendo rotação de cultura, com a utilização de palhada, tudo para ajudar a reduzir os danos causados pelo clima”, destacou Faria.
O Engenheiro Agrônomo Gustavo da Silva apontou que quando é escolhida uma semente que tem vigor superior, o produtor consegue minimizar os danos causados por déficit hídrico. “No ano passado a gente teve uma semente que ficou 40 dias em baixo da terra e conseguiu manter uma produtividade adequada. Porém, quando você não tem um vigor adequado, a semente não é germinada, o que vai impactar na produtividade final”, disse.
A Companhia Nacional de Abastecimento, a Conab, estima uma produção no Brasil para a safra de soja 2021/2022 em mais de 141,2 milhões de toneladas. Mesmo com alta produtividade, um estudo realizado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), em parceria com outras instituições, mostrou como o clima pode interferir na produção brasileira de soja.
Os pesquisadores criaram cenário e estimaram a produção entre 2040 e 2069. Se nesse período de 30 anos a temperatura subir uma média de 2º Celsius e o volume de chuva diminuir em até 8%, o ciclo de desenvolvimento da planta deve ficar mais curto. A instabilidade na produção deve dar mais trabalho no manejo. A média de produtividade pode se manter, com a soja se adaptando a situações de seca. Pesquisa, genética e tecnologia são aliadas do produtor, entretando, para que ele caminhe de forma segura, é preciso um manejo sustentável.
Segundo Bernardo Pires, Gerente de Sustentabilidade da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais, a Abiove, o produtor rural precisa ficar atento, pois o produto dele tem um longo caminho até a mesa final dos consumidores e esse consumidor é que está pedindo um produto mais sustentável. “E o mercado de farelo de soja, com maior valor agregado, acaba remunerando melhor o produtor. Ganha o consumidor final, com a certeza da compra por um produto sustentável, livre de desmatamento, sem o avanço em áreas indígenas ou sem o uso de trabalhos escravos, sem sobrepor unidades de conservação e ganha também o produtor, com a garantia de mercado de alto valor agregado”, afirmou.