Entenda a onda de protestos agrícolas na Europa e o que tem a ver com o Brasil

Além dos protestos nas ruas, nas redes sociais produtores europeus também se mobilizam e exigem mudanças

A morte da produtora francesa Alexandra Sonac, 36 anos, e de sua filha Camille, 12 anos, atropeladas durante uma manifestação na terça-feira (23), intensificou a onda de protestos de agricultores na Europa.

Os bloqueios de estradas se espalharam e o debate sobre a competitividade com produtos brasileiros ganhou força.

Concorrência desleal e custos de produção

Os manifestantes reivindicam medidas para reduzir custos de produção e criticam as exigências ambientais do Pacto de Transição Ecológica da União Europeia, que, segundo eles, colocam os produtos europeus em desvantagem competitiva em relação aos brasileiros, que, segundo eles, não são submetidos às mesmas normas.

Outro ponto de insatisfação é o aumento do imposto sobre o diesel na França, que, segundo os agricultores, aumenta seus custos de produção. Eles argumentam que a medida os coloca em desvantagem em relação aos produtores de outros países, como o Brasil, que não têm o mesmo imposto.

A legislação ambiental brasileira, embora restritiva, não é totalmente cumprida, o que gera críticas por parte dos produtores europeus. Eles argumentam que a falta de fiscalização e de mecanismos de transparência cria uma competição desleal.

O controle de antimicrobianos em animais de produção é outro ponto de divergência. Na Europa, a venda é rigorosamente controlada, enquanto no Brasil, muitas propriedades não possuem um veterinário responsável pela sanidade animal. Essa diferença gera preocupações sobre a qualidade dos produtos brasileiros.

Protestos e repercussões

Em resposta às críticas, produtores brasileiros argumentam que existem propriedades no país que aplicam boas práticas agropecuárias e controlam o uso de medicamentos. No entanto, a falta de padronização e fiscalização acaba por fragilizar a posição brasileira no mercado internacional.

Os protestos na Europa já afetam o abastecimento de alguns supermercados em Luxemburgo e não há previsão de quando terminarão. Nas redes sociais, os produtores europeus se mobilizam e exigem mudanças.