Estudo aponta desafios e oportunidades para a agricultura regenerativa

A publicação, que será lançada durante a COP28, sugere a criação de definições que considerem a pluralidade da agricultura sustentável adequada à realidade nacional

Agricultural field with even rows in the spring. Growing potatoes. Blue sky with clouds in the background
Agricultural field with even rows in the spring. Growing potatoes. Blue sky with clouds in the background

Um estudo do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) aponta que a falta de métricas e definições abrangentes para a agricultura regenerativa no Brasil tem sido um impasse para a promoção dessa prática no país.

A publicação, que será lançada durante a COP28 (Conferência de Clima da ONU), sugere a criação de definições que considerem a pluralidade de práticas agrícolas sustentáveis e conservacionistas, que também sejam adequadas à realidade nacional. O setor produtivo também defende que, além dos critérios ambientais, seja contemplada a sustentabilidade social, econômica e financeira dessas práticas.

Para o setor empresarial, a ausência de uma definição de regras e conceitos única e comum no Brasil a respeito de agricultura regenerativa pode trazer desafios à implementação e reconhecimento das práticas e de seus impactos positivos.

“A implementação da agricultura regenerativa no Brasil é uma estratégia importante para reduzir as emissões de gases do efeito estufa e assim colocar o setor de alimentos como um importante ator no combate às mudanças climáticas, além de aumentar a resiliência aos impactos destas mudanças sobre a produção de alimentos. Contribui, portanto, também para a segurança alimentar e para a produção de alimentos saudáveis e acessíveis a todos”, comenta Juliana Lopes, diretora de Natureza e Sociedade do CEBDS.

Quais os principais desafios e oportunidades da agricultura sustentável?

agricultura
Foto: Envato

O documento ressalta algumas lacunas para a implementação da agricultura regenerativa, como:

  • Ausência de conceito e definição para agricultura regenerativa para o Brasil;
  • Falta de um marco regulatório sobre o tema;
  • Necessidade de serem construídos critérios e métricas que analisem e comprovem se os resultados previstos para um sistema produtivo regenerativo foram atingidos.

O estudo também delimita quais impactos positivos a agricultura regenerativa deve gerar:

  • Conservação e reabilitação de sistemas alimentares e agrícolas;
  • Recuperação e manutenção da fertilidade do solo;
  • Aumento da biodiversidade;
  • Melhoria do ciclo hidrológico;
  • Manejo da paisagem com atenção aos serviços ecossistêmicos;
  • Resiliência e adaptação às mudanças climáticas;
  • Emissões de Gases Efeito Estufa (GEE) nulas ou negativas;
  • Auxílio no combate à insegurança alimentar.

Segundo o estudo, a promoção da agricultura regenerativa no Brasil pode ser estimulada de diversas formas, tanto pelo setor público quanto privado.

As potenciais ferramentas para o estímulo da produção agrícola regenerativa incluem:

  • Pesquisas em práticas agrícolas, estimulando tecnologias voltadas à agricultura de baixo carbono;
  • Criação de instrumentos de comunicação com produtores rurais para capacitação de técnicas mais sustentáveis e produtivas;
  • Instrumentos financeiros, como o crédito rural subsidiado, políticas de preços;
  • Políticas de comando e controle.

O documento reserva ainda um espaço para exemplos de empresas que já praticam iniciativas de agricultura regenerativa. Estes exemplos vão “do campo à mesa”, mostrando um esforço do setor produtivo em diversas áreas para promover práticas mais sustentáveis.

“Para o futuro, as empresas brasileiras estão comprometidas em liderar discussões, subsidiar políticas públicas e contribuir para a implementação da agricultura regenerativa no país. Elas acreditam que essa estratégia é fundamental para reduzir as emissões de gases do efeito estufa, fortalecer a segurança alimentar e promover a produção de alimentos saudáveis e acessíveis para todos”, explica Carla Gheler, coordenadora de Sistemas Agroalimentares do CEBDS.