FAO alerta para os riscos de um colapso no sistema agro alimentar do mundo

background of the world map, conceptual awareness of vegetarian education no OGM
background of the world map, conceptual awareness of vegetarian education no OGM

Em entrevista ao Planeta Campo, Rafael Zavala, representante da FAO no Brasil , apontou os perigos para a perda de produtividade e impactos no campo causados por eventos climáticos extremos. Segundo ele, é preciso promover ações inovadoras para tornar o sistema de produção de alimentos mais eficiente.

O mundo enfrenta uma difícil realidade. O modelo de produção de alimentos não é inesgotável. Uma série de fatores está influenciando no sistema agro alimentar do mundo, como o aquecimento global – e seus impactos na quantidade de chuva, por hora, em excesso, ou, em dados momentos, o produtor sente a ausência dela. O reflexo é identificado na perda de produtividade, fome, insegurança e uma dependência cada vez maior dos fatores climáticos. As projeções já indicam que os prejuízos gerados pelo aquecimento global já chegam na ordem de US$ 7,5 bilhões até o final deste ano.

Para debater o tema, o Planeta Campo entrevistou com exclusividade Rafael Zavala, representante da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) no Brasil. A FAO é uma das agências das Nações Unidas e lidera esforços para a erradicação da fome e combate à pobreza no mundo.

Zavala aponta que, à medida que possamos fazer sistemas mais resilientes, capazes de se recuperar, vamos diminuir a vulnerabilidade no campo. “Os países mais vulneráveis são os que vivem em regiões áridas ou semi-áridas”, destacou.

Um fator de preocupação, por exemplo, fica por conta da região nordeste do Brasil, que pode sofrer um impacto negativo na sua produção. Como a situação aponta para ações emergenciais, a ONU sugere uma melhoria na logística como um todo.

Rafael Zavala destaca que mais de 60% da população brasileira vive em pequenas ou médias cidades e que o desafio é gerar um sistema agro alimentar para que estas localidades possam obter um equilíbrio entre o urbano e o rural. Esta é uma necessidade urgente para não agravar mais ainda a fome no Brasil. “50% da população da América Latina e Caribe vivem em situação de pobreza extrema. Isto é uma vergonha para uma região reconhecidamente como o celeiro do mundo”, disse.

Zavala chama a atenção para erros de gestão, mas também valoriza os trabalhos bem-feitos e de tamanha importância, como os realizados pela agropecuária. “Os carros poluem, mas ninguém se propõe a erradicá-los como meio de transporte. Ao contrário, são promovidas inovações para torná-los mais eficientes, até mesmo com o objetivo de alcançar uma mobilidade com emissão zero de carbono. O mesmo deve ser feito pela agropecuária”, explicou Rafael Zavala.