FertBrasil deve ajudar produtores a economizar US$ 1 bilhão com fertilizantes
Projeto vai incentivar uso mais eficiente de corretivos e adoção de biológicos
O Plano Nacional de Fertilizantes será lançado oficialmente nesta sexta-feira, dia 11, e uma das iniciativas do projeto, a Caravana Embrapa FertBrasil, espera trazer uma economia de 1 bilhão de dólares (20%) para os produtores rurais por meio da promoção mais eficiente no uso de fertilizantes. A ação vai estimular melhores práticas de correção do solo com capacitação dos agricultores, além de incentivar a adoção de novas tecnologias, como os bioinsumos.
Em participação no Planeta Campo, o pesquisador e ex-chefe geral da Embrapa Solos, José Carlos Polidoro, que também faz parte do Grupo de Trabalho Interministerial que desenvolveu o Plano Nacional de Fertilizantes, contou mais detalhes sobre o projeto. “A caravana começará suas ações de campo em abril. Ela será lançada nacionalmente, ou seja, vamos explicar para todo o agro brasileiro e para a sociedade como ela funcionará agora no dia 11 deste mês de março [sexta-feira], no lançamento do Plano Nacional de Fertilizantes porque a caravana é uma medida antecipada do plano que entrará em vigor, por conta de todo esse cenário que nós estamos vivendo. Dessa forma, a caravana terá duração de 12 meses. Nessa primeira fase, pelo menos, ela percorrerá 30 polos [agrícolas] e ocorrerão eventos concomitantes. Nós poderemos, por exemplo, estar em Luís Eduardo Magalhães, na Bahia, e, ao mesmo tempo, estarmos em Santa Maria, no Rio grande do Sul, na mesma semana, levando aí todo esse conhecimento para que nós aumentemos a eficiência do uso dos nutrientes fornecidos pelos fertilizantes importados, principalmente, assim como difundir e desmistificar as novas tecnologias que já existem no Brasil, algumas há mais de 20 anos, mas que ainda não tinham sido adotadas maciçamente pelo produtor”.
O pesquisador também falou sobre os motivos que acabam causando o uso inadequado de fertilizantes e ainda ressaltou a redução de gastos que o projeto deve trazer para o produtor rural. “O adubo era bem barato, o fertilizante nunca foi muito pesado nos custos de produção, a não ser nos últimos anos, e também [outro motivo é] porque nós não conseguimos levar a tecnologia de forma adequada para o produtor. Então a caravana vem para resolver isso e nós temos muito a ganhar juntos. Nós podemos sim, nesse momento de crise, trazer uma economia de pelo menos um bilhão de dólares para o produtor dentro da fazenda com esse aumento da eficiência e na aplicação de novas tecnologias”, afirmou Polidoro.
Estoque de fertilidade no solo
Devido aos investimentos realizados pelos produtores na saúde do solo ao longo dos anos, atualmente deve existir uma espécie de estoque de fertilidade no solo nas lavouras brasileiras. “Existem muitas áreas no Brasil hoje que pelo uso contínuo, ano a ano, de uma boa correção de solo, elas estão com a fertilidade construída. (…) Em muitos dos casos não seria necessário usar mais do que a reposição do que é extraído com a colheita. Então nós temos em muitas regiões uso de fertilizantes que não seria necessário [usar] a dose excessiva e em outras áreas é o contrário, nós deveríamos aplicar mais fertilizantes porque isso poderia impactar muito na produtividade”, explica José Carlos.
“O agricultor, nosso produtor, já fez uma poupança de fósforo para o solo que hoje é estimada pelos nossos colegas aí da Embrapa e da USP em, pelo menos, 40 milhões de dólares que estão lá depositados como reserva de fósforo pela adubação continuada”, diz o ex-chefe da Embrapa Solos.
Combinação entre mineral e biológico
Além do uso eficiente dos fertilizantes, outra possibilidade para diminuir o uso de produtos corretivos químicos é a combinação com substâncias biológicas. “Por exemplo, na soja existe uma combinação que funciona há mais de 30 anos, que é o inoculante microbiano, o chamado popularmente como rizóbio, que é uma bactéria que se coloca na semente da soja e que coloniza a raiz, que fixa nitrogênio do ar e a soja não precisa usar nitrogênio mineral, fertilizante com ureia e sulfato de amônia, nitrato de amônia. Esses processos biológicos são combinados com o fósforo e o potássio, que vem do fertilizante mineral, que hoje em dia é 85% importado, e essa combinação tecnológica de um mineral com biológico vem dando para o Brasil a vantagem de ter a soja mais competitiva do mundo. Essa combinação tem sido estendida agora para outras culturas, como a cana-de-açúcar e o milho. Vários inoculantes estão sendo validados e estão crescendo muito com a contribuição da fixação biológica do nitrogênio para essas culturas”, detalha Polidoro.
Com esses exemplos, o pesquisador esclareceu que a combinação entre fertilizante mineral e biológico não só pode ser realizada, como é muito benéfica para a fertilidade do solo. Ele também falou que a Embrapa está fazendo uma ampla divulgação do projeto, que inclui um portal exclusivo para o projeto. “Nós teremos todas as informações para ninguém perder a Caravana, pelo contrário, o sucesso da Caravana depende da participação de todos”, concluiu José Carlos Polidoro.
Confira o programa Planeta Campo com a participação de José Carlos Polidoro: