Jovem agricultor aplica mais tecnologia e sustentabilidade no campo
Estudo revela que nova geração de produtores rurais deve trazer inovações positivas para o agro nacional
Um estudo sobre inovação no agronegócio e qualificação do produtor rural está sendo lançado por uma das maiores consultorias do mundo, a Ernest & Young (EY), em parceria com a CropLife Brasil. O objetivo é entender os perfis dos agricultores brasileiros e entender qual a relação deles com a tecnologia, de acordo com a cultura e as regiões em que atuam.
“O agronegócio no Brasil tem uma importância muito grande, tanto para nós brasileiros quanto para o restante do mundo, que tem uma demanda enorme por alimentos. (…) E a gente realmente acredita que esse uso massivo de tecnologia vai mudar a forma como os alimentos são produzidos, transportados e consumidos no mundo inteiro”, afirmou Daniela Sampaio, sócia da EY no setor de agronegócio, em entrevista ao programa Planeta Campo.
O estudo “Inovação no Agronegócio e a qualificação do produtor brasileiro na era digital” conversou com cerca de 380 produtores de grande e pequeno porte, de diversas culturas, espalhadas por diferentes regiões do Brasil. “Nós conseguimos abranger um volume de terras significativo dentro do Brasil, isso significa que esse pessoal entrou em contato, conversou com muitos produtores, não só pela internet, mas também pessoalmente , por telefone, para entender as percepções, para a gente conseguir captar então a produção deles. Tudo é algo realmente inovador, é uma fonte de inteligência muito rica pra gente conhecer melhor o produtor”, acrescentou Daniela.
Uma das conclusões do estudo é que as novas gerações de produtores rurais têm mais intimidade com a tecnologia e estão levando esse conhecimento para o campo. “Uma coisa muito interessante é que o agronegócio no Brasil vem se tornando uma agricultura de escala. Nas últimas décadas então, a partir da década de 70, 80, a agricultura começa a crescer muito no Brasil e essa primeira geração de produtores que trouxe realmente para o agro essa questão de escala, já está hoje com seus filhos entrando no negócio, então a gente vê duas gerações trabalhando juntas. E esses produtores continuam ativos e trazem esse caráter de crescimento, de expansão do agronegócio. E a gente vê uma geração chegando, uma geração com um nível educacional formal muito maior, uma familiaridade com tecnologias, interessados em saber como a tecnologia pode influenciar a produção, pode influenciar a gestão e a tomada de decisão. Então, às vezes, dentro da mesma propriedade nós temos perfis diferentes de produtores, dependendo da geração e ao longo do Brasil nós também temos perfis diferentes de culturas”.
Sucessão familiar
O estudo também revelou que os jovens agricultores do Brasil estão mais interessados em permanecer no campo e fazer a sucessão familiar, diferente do que tem sido observado em outros países. “Temos algumas regiões que são muito importantes no mundo em termos de produção agrícola, principalmente nos Estados Unidos e na Austrália, e essas regiões têm tido muitos desafios com sucessão. Os jovens não demonstram muito interesse em seguir dentro da produção agrícola (…) e no Brasil é diferente. O que a gente tem notado é que pelo desafio de crescimento que a cultura traz, a questão da escala, a questão do desafio tecnológico, a questão da rentabilidade, tem atraído os jovens com muita preparação. Então a gente está à frente nessa questão de sucessão comparado aos outros países”, explicou Sampaio.
Daniela também falou que a disposição em permanecer no campo aliada ao conhecimento tecnológico e educacional elevado pode trazer diversos benefícios para a agricultura nacional. “Usar a agricultura e a tecnologia de forma adequada, trazer parceiros bons para o seu negócio, lidar com os desafios, então tudo isso vai continuar colocando o Brasil numa situação de protagonismo no fornecimento de alimentos, não só agora, mas também no futuro. Nesse sentido, a tecnologia está a favor da sustentabilidade. Você imagina que se a tecnologia consegue aumentar a produtividade eu preciso de menos terras para fornecer alimentos, então isso tem a ver com sustentabilidade também, com a economia de recursos de diversas naturezas, desde a água até defensivos, então eu aplico de maneira mais inteligente os insumos e consigo aumentar a produtividade, isso tem tudo a ver com sustentabilidade”, concluiu ela.
Confira o programa Planeta Campo completo: