Para manter qualidade de hortifrútis, produtores buscam técnicas para enfrentar estiagem
Objetivo é manter a produtividade e evitar prejuízos.
Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo, a Ceagesp, uma das principais empresas estatais brasileiras de abastecimento. É o terceiro maior centro atacadista de alimentos do mundo e o primeiro do Brasil e da América Latina. É no vai e vem dos corredores que a rotina dos produtores se forma.
Produtor rural desde os 10 anos de idade, Igor Camargo, aos 25 sentiu na lavoura as adversidades climáticas dos últimos tempos. “Primeiramente, veio a geada e já causou muito atraso de mercadoria. Temos mercadorias que colhemos em 6 semanas, tivemos que colher em 10. Aí, agora veio a primavera, começou a esquentar. Mas para produzir está difícil por falta de água. A gente só está molhando no plantio e na hora de adubar. Só o máximo necessário porque não temos água”, apontou.
Igor Camargo conta que sempre plantou aveia para fazer a rotatividade e agora começou com o milho. “Eu planto o cereal e depois da colheita, volto a plantar verduras para fazer a rotatividade da terra. Assim deixamos de usar agrotóxicos e auxiliamos na recuperação da terra”, afirmou.
De acordo com Thiago de Oliveira, Chefe da Seção de Economia da Ceagesp, os hortifrutis sofrem muito o impacto climático. “Eles não são cultivados em cultivos protegidos, como estufas, então sofrem bastante o impacto, em menor ou maior grau, dependendo do tipo de tecnologia que o produtor dispõe, como por exemplo a irrigação. Algumas informações que a gente tem é que apesar de alguns produtores terem irrigação ainda assim, a estiagem afeta na qualidade desses produtos”, disse.
Diante dos desafios, os produtores aproveitam para desenvolver técnicas que aumentem a produtividade e reduzam os prejuízos. De acordo com Juliana Geseíra, Engenheira Agrônoma, De 2014 a 2015, o setor sofreu também com a crise hídrica. “Foi cogitado inclusive a lacração de bombas para irrigação. Os produtores começaram, então, a se movimentar e mudaram alguns sistemas de irrigação e foram para o de micro aspersão e também para a produção em mulching agrícola de solo”, apontou.
A produção em mulching uma técnica que envolve a cobertura deste para proteger o cultivo e promover melhores resultados nas lavouras, reduzindo também a incidência de pragas e os custos da produção. Entre as suas finalidades, é indicada para horticultores que querem prevenir ervas daninhas, controlar a umidade e a temperatura do solo, evitar danos ocasionados por agentes climáticos e evitar o contato direto dos frutos com o solo. “Com ela, os produtores conseguem usar menos água. Eles também passaram a adotar o sistema de captação de chuva e armazenamento com tanques cavados para este armazenamento. O produtor tem essa consciência da sustentabilidade e o uso racional da água. A cada ano eles tem optado por fazer uma adequação na sua propriedade”, contou. “Cada produtor tem sua demanda, sua restrição, mas eles tem buscado porque eles tem essa consciência do uso racional da água. Sem a água não se consegue produzir, nem fazer nada. É preciso também preservar mananciais das áreas de preservação permanente”, destacou.