Efeito El Niño: preço do açúcar sobe no mundo todo e prejudica países mais pobres

Países em desenvolvimento são os mais afetados pelo aumento do preço do açúcar, pois são os principais consumidores do produto

O preço do açúcar atingiu níveis recordes no mercado global, com o saco de 50 quilos sendo negociado por mais de US$ 80, o maior valor desde 2011. O aumento é resultado de uma combinação de fatores, incluindo condições climáticas adversas, a guerra na Ucrânia e a crescente demanda por biocombustíveis.

Açúcar: problema mundial

Açúcar

Foto: Envato

Os países em desenvolvimento são os mais afetados pelo aumento do preço do açúcar, pois são os principais consumidores do produto. Na Nigéria, por exemplo, o preço do pão subiu 15% desde o início do ano, o que está pressionando o orçamento das famílias pobres.

Ishaq Abdulraheem, um padeiro de Abuja, capital da Nigéria, já reduziu a produção pela metade para tentar compensar o aumento dos custos. Ele teme que, se os preços continuarem subindo, terá que fechar a padaria.

“É uma situação muito séria”, disse Abdulraheem.

A Índia e a Tailândia, os segundo e terceiro maiores produtores de açúcar do mundo, foram as mais afetadas pelas condições climáticas adversas. Na Índia, a seca no estado de Maharashtra, que responde por mais de um terço da produção nacional, deve levar a uma queda de 8% na produção.

A Tailândia também registrou uma queda na produção, de 15%. O país impôs controles de preços para tentar conter o aumento, mas os comerciantes dizem que isso está prejudicando a indústria.

No caso do Brasil, maior produtor de açúcar do mundo, o país deve registrar uma colheita recorde em 2024, mas a produção só deve começar a aumentar no segundo semestre do ano.

Enquanto isso, os países importadores de açúcar estão procurando alternativas para reduzir sua dependência do produto. A Indonésia, maior importadora do mundo, reduziu as importações e a China, segunda maior importadora, foi forçada a liberar açúcar de seus estoques.

O aumento do preço do açúcar está contribuindo para a insegurança alimentar em países pobres, onde o produto é um alimento básico. A FAO, agência da ONU para agricultura e alimentação, estima que 828 milhões de pessoas não tiveram acesso suficiente a alimentos em 2022.

Por Estadão Conteúdo