Problemas climáticos quebram a produtividade da cana em até 60%

A produção de cana no Brasil tem sofrido muito com a falta de chuva. Se no passado, os canaviais eram vistos como vilões do meio ambiente devido às queimadas que poluíam o ar, hoje essa realidade é bem diferente, afinal, mais de 90% da produção brasileira usa tecnologia. De acordo com Gláucia Souza, pesquisadora da […]

Problemas climáticos quebram a produtividade da cana em até 60%

A produção de cana no Brasil tem sofrido muito com a falta de chuva. Se no passado, os canaviais eram vistos como vilões do meio ambiente devido às queimadas que poluíam o ar, hoje essa realidade é bem diferente, afinal, mais de 90% da produção brasileira usa tecnologia.

De acordo com Gláucia Souza, pesquisadora da USP, a área plantada no país teve um aumento correspondente a uma vez e meia. Em contrapartida, o aumento dos produtos gerados na mesma área contribuem com a sustentabilidade da produção. “A produção de etanol, açúcar e de bioeletricidade aumentou até 6 vezes, então a gente conseguiu com a mesma área plantada produzir muito mais. Isso vem de uma curva de aprendizado que o setor faz há muitos anos tentando trabalhar a questão da produtividade e trazer tecnologias para fazer mais coisa com a cana de açúcar e de muita pesquisa”, destacou.

O Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo, seguido pela Índia. O setor ainda gera cerca de 1 milhão de empregos, direta e indiretamente.
O clima é, sem dúvida, grande responsável pela qualidade e quantidade de cana de açúcar produzida por aqui, seja para bebidas ou para gerar o etanol.

Segundo o produtor Gilmar Soave, está realmente faltando chuva desde março, principalmente. “Não choveu mais. Vem chuva insignificante de 2, 3mm, o que não significa nada. Aí a cana começa a secar, corta e não brota, o que brota, morre. Então está difícil de trabalhar pois não vem água para molhar o solo”, explicou. “A produção já está comprometida. Não dá pra falar em porcentagem ainda que vai ser a quebra do ano que vem, mas já está bem comprometido a safra do ano que vem. Esse ano as usinas vão parar cedo. Usinas que iriam até dezembro, tem usina parando já dia 30 agora de setembro já tem usina que começa a parar a moagem. Então a entressafra vai ser maior. Como não está chovendo, o início da safra no ano que vem também vai ser adiado. Então vai ter uma entressafra maior que os outros anos”, explicou.

Ainda segundo Soave, os produtores sempre trabalham com a esperança voltada ao futuro. “Então a gente vai tentando, vai plantando…estamos arriscando em plantar. Tem lugar que nasce, tem lugar que não nasce. A gente está fazendo de tudo para nascer, mas mesmo assim está perdendo plantio. Então está difícil, porque se você deixar para plantar mais para frente dessa época, daqui um mês você já não consegue mais plantar pra colher no ano que vem. Aí tem arrendamento para pagar, tem as contas para pagar e não vai ter cana na área”, destacou o produtor.

Estado de São Paulo

Os produtores de cana-de-açúcar estão sofrendo graves prejuízos devido à falta de chuva. A safra de cana-de-açúcar no estado de São Paulo, principal produtor em âmbito nacional segundo o Instituto de Economia Agrícola, deve apresentar redução em seu volume final, se comparada à temporada anterior.
A produção paulista está estimada em 298,7 milhões de toneladas, o que significa uma redução de 15,7% em relação ao volume colhido na safra passada. A área destinada à produção deverá sofrer decréscimo de 7,9%, ficando em cerca de 4 milhões de hectares.
Já a produtividade média esperada está próxima a 72,9 mil quilos por hectare. Os dados são do 2° Levantamento da Safra 2021/22 de Cana-de-Açúcar, publicado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Açúcar

Quanto à destinação do vegetal colhido nas unidades de produção, o indicativo é de maior direcionamento para a fabricação de açúcar (cerca de 56% do volume total de cana-de-açúcar para geração do adoçante e 44% para produção de etanol), objetivando honrar os contratos de exportação previamente acordados, além da possibilidade de aproveitamento dos preços atrativos do adoçante internacionalmente em virtude da baixa oferta global do produto.

Quanto à área cultivada, no geral a redução foi causada pela substituição do produto por graníferas, como soja e milho. São Paulo foi o estado que apresentou a maior redução neste quesito. Contudo, continua sendo o maior produtor de etanol no Brasil e também o maior consumidor do produto.

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