Carlos Augustin: ‘produtores comprometidos com o meio ambiente terão taxa de juros mais baixas’

Segundo Augustin, assessor especial do Ministério da Agricultura, a intenção é promover uma agricultura carbono negativo para o Brasil

Carlos Augustin: ‘produtores comprometidos com o meio ambiente terão taxa de juros mais baixas’

O mundo está passando por uma nova era sobre mitigação de carbono. O Brasil tem trabalhado muito essa questão, principalmente, com o programa ABC+, iniciativa para promover uma agropecuária mais adaptada à mudança climática e também mitigadora de gases de efeito estufa.

Neste sentido, o assessor especial do Ministério da Agricultura, Carlos Augustin, falou nesta terça-feira (18) em entrevista ao Planeta Campo da possibilidade de ampliar o programa por meio de taxas de juros mais baixas para produtores comprometidos com o meio ambiente.

“Implantaremos nesse novo Plano Safra uma diminuição da taxa de juros para alguns comprometimentos sociais e ambientais que o agricultor venha a aderir. Essa parametrização ainda está em estudo. Mas, basicamente, é fazer uma agricultura de carbono neutro ou carbono negativo, com isso ele teria uma taxa de juros menor”, comentou Augustin.

Ainda com o objetivo de incentivar as boas práticas no campo, o Ministério da Agricultura estuda implementar recursos complementares ao Plano Safra.

“Já está em fase final uma readequação de quase 300 bilhões de reais, mais ou menos metade para custeio, outra metade para investimento. Já está tudo pronto no sentido de politicamente aprovado, só falta a implementação, mas é uma questão de dias para estar entrando nas agências”

Linhas de crédito

Investir em uma agricultura sustentável pode ser cada vez mais rentável para o produtor rural. Por conta disso, o Governo Federal deve também antecipar linhas de crédito para facilitar as novas práticas no campo.

“Nós vamos trazer o dólar como moeda de financiamento, coisa que antes não existia. Estamos tentando também que o ACC possa ser usado por aqueles agricultores que exportam para trading e não exportam direto, mas que tenham acesso a essa modalidade de financiamento que é muito barata e fácil. Os papéis privados vão ter cada vez mais importância e apoio. Por fim, teremos juros diferentes para comprometimentos ambientais e sociais”, destaca o assessor.

Expansão

Além de tudo isso, segundo Augustin, o governo pretende manter a meta de ampliar a área produtiva do Brasil sem abrir novas áreas, com adoção de prática sustentáveis e recuperação de áreas degradadas.

“Nós estamos imaginando um crescimento de 1 a 2 milhões de hectares a cada ano, então vamos fazer força para ter recurso suficiente para algo em torno de 2 milhões já nesse primeiro ano. Porém, a grande meta é fazer isso sem desmatar a Amazônia.  Precisamos ainda criar condições ao agricultor que ele inverta pastos em lavoura sem a menor necessidade de ocupar a floresta”

Rastreabilidade

O Mapa também destacou a importância da rastreabilidade na cadeia da carne para o monitoramento sócio-ambiental e afirmou que a intenção da pasta é incentivar a rastreabilidade não por meio de imposição, mas sim via incentivos financeiros aos pecuaristas.

“A rastreabilidade é um assunto que nos interessa muito, nós já temos aí a cadeia de algodão como um exemplo muito positivo de como fazer isso, a carne é um exemplo, porém, não completo. Nossa intenção é fazer um juros especial no sentido de adesão maior a rastreabilidade, principalmente, dos bezerros que está faltando na cadeia de gado de corte. Estamos em análise de como nós podemos ajudar nisso de uma maneira não coercitiva, mas de uma maneira educativa ou dando uma premiação de taxa de juro nesse sentido”, disse Augustin.

Digital

Por fim, o assessor também comentou sobre formas de agilizar o processo de avaliação dos cadastros por meio da digitalização nos estados.

“Temos que rever essa situação da competência estadual e, digamos, da capacidade dos estados de fazer isso. Para se ter uma ideia o estado do Mato Grosso desde que iniciou até hoje tem apenas 6 % dos dados verificados, não analisados. Creio que deve haver um esforço maior de todos os ministérios envolvidos e, principalmente, usando a digitalização para deixar o processo mais agilizado”, finaliza Augustin.