Quebra de safra de soja no MT faz agricultores pedirem apoio do governo
Produtores de soja estão enfrentando uma série de desafios, como o aumento dos custos de produção, a dificuldade de acesso a crédito e a ameaça de negativação por renegociação de dívidas
O estado do Mato Grosso, principal produtor de soja do Brasil, enfrenta uma quebra de safra que deve resultar em uma redução na produtividade média de 22% em relação ao ano passado.
Segundo levantamento realizado pela Associação dos Produtores de Soja e Milho do Mato Grosso (Aprosoja-MT), cerca de 6% da área de soja no estado precisou ser replantada devido à falta de chuvas e calor. A janela de plantio ficou muito longa, com alguns produtores iniciando o plantio em setembro e finalizando apenas em dezembro ou janeiro.
A falta de chuva e as altas temperaturas afetaram a produtividade das lavouras, que devem produzir, em média, 50 sacas por hectare, ante 62 sacas por hectare em 2023.
Os produtores estão enfrentando uma série de desafios, como o aumento dos custos de produção, a dificuldade de acesso a crédito e a ameaça de negativação por renegociação de dívidas.
Medidas políticas para apoiar produtores de soja
O governo federal anunciou um pacote de medidas para apoiar os agricultores afetados pela quebra de safra, incluindo a prorrogação do prazo de pagamento de dívidas e o financiamento de custos de produção.
No entanto, os produtores avaliam que essas medidas são insuficientes para compensar os prejuízos causados pela seca.
A Aprosoja-MT está formulando uma proposta mais robusta para solicitar ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
“A proposta inclui a não negativação dos produtores que renegociarem suas dívidas, o aumento do limite de financiamento para custeio da lavoura e a liberação de recursos para a construção de armazéns”, diz o presidente da associação, Lucas Beber.
Impacto na produção nacional
A quebra de safra no Mato Grosso deve impactar a produção nacional de soja. A Conab estima que a safra brasileira deve atingir 155 milhões de toneladas, mas consultorias privadas avaliam que a produção deve ficar entre 135 e 143 milhões de toneladas.
A diferença nas estimativas afeta diretamente os números e preços da oleaginosa no mercado mundial.
“Para garantir a estabilidade do setor agrícola diante da redução na produtividade média dos produtores de soja em Mato Grosso, é necessário implementar medidas políticas mais contundentes. Estamos lutando para que o produtor volte a ter melhores condições e não seja afetado por essa quebra”, diz Lucas.
Ele ainda cita que diante dessa perspectiva, um monitoramento cuidadoso e uma abordagem coordenada entre os setores público e privado são essenciais para mitigar os impactos e assegurar a estabilidade do mercado agrícola brasileiro.