
Em um país considerado um dos maiores produtores de grãos do mundo, dar protagonismo para outras culturas parece pouco provável, ainda mais quando se fala em cultura de 2ª safra (safrinha) e quando a competição acontece com o milho.
O fato é que o sorgo, o 5º cereal mais produzido no mundo, vem ganhando espaço no cenário do agro brasileiro, principalmente na 2ª safra. Será o novo queridinho da safrinha depois do milho?
Durante entrevista ao Planeta Campo, o pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, Cícero Menezes, destacou as principais qualidades dessa cultura que vem roubando a cena na safrinha brasileira.
Apresentando: o sorgo
O sorgo é uma cultura de origem africana e portanto com maior eficiência hídrica que o milho. Segundo o pesquisador, em um período de veranico de 10 a 15 dias, ele é capaz de hibernar.
“Existem cálculos que são feitos e que se você tiver certeza que vai chover durante o ciclo da cultura abaixo de 432 milímetros, você deve plantar o sorgo porque ele é mais tolerante à seca que o milho”, explica.
Tipos e expansão do sorgo
Existem diversos tipos de sorgo: o granífero, o destinado para silagem, para vassouras, para biomassa e até para geração de etanol. Mas o granífero é o mais cultivado.
Atualmente o Brasil teve um aumento significativo de área plantada e produção, que cresceu 22% e 45% respectivamente. A demanda mundial por carnes e grãos foi um dos fatores que elevou a produção.
“Quando você precisa exportar mais milho, você precisa de alternativas para substituir ele no mercado interno e o sorgo cai bem. Além disso, tivemos um zoneamento agrícola de risco climático onde colocamos a melhor data para plantio do sorgo, o que mostrou que ele tem janela de plantio maior que o milho. Também temos à disposição novas tecnologias , muitas lavouras atacadas por cigarrinha e o sorgo não é atacado. Logo esses vários motivos fizeram a área e a produção crescerem”, contou.
Outra vantagem apontada por Menezes é que o sorgo não possui cultivar transgênera, e na pecuária há grande demanda para isso.
Vantagens do sorgo
O sorgo tem um custo de produção melhor em relação ao milho de 2ª safra. E o fato do seu preço ser muito atrelado ao do milho, significa rentabilidade certa.
“Tivemos outros fatores como a liberação de defensivos pelo Mapa. Mas se o produtor quer uma safrinha sustentável, ele já pode começar a olhar o sorgo a partir de fevereiro, porque é garantia de safra”, frisou.
Entre outras diferenças apontadas por Menezes, entre milho e sorgo, estão o menor custo da semente de sorgo e a menor susceptibilidade a doenças.
“O sorgo é uma cultura rústica, excelente porque ela tolera bem a seca, mas exigente em adubação. Essa cultura precisa ser plantada na data certa e demanda muitos nutrientes”.
São recomendações do pesquisador para uma boa safra de sorgo, a escolha de sementes boa qualidade, provenientes de empresas idôneas, seguir as recomendações de aplicação de fungicidas, quando cuidar das plantas daninhas no pré-plantio, entre outros.