Menos de 20% da área agrícola no Brasil tem cobertura de internet
Indicador da Conectar Agro aponta que os grandes municípios produtores agrícolas do país possuem baixa adesão à conectividade
A conectividade no campo é um dos gargalos do setor. De acordo com estudo da Conectar Agro, organização que congrega algumas das maiores empresas de máquinas agrícolas, insumos e telefonia do país, em parceria com a Universidade Federal de Viçosa, apenas 18,97% da área agrícola brasileira possui cobertura de internet 4G ou 5G.
Segundo a presidente da Conectar Agro, Paola Cielo, a falta de acesso no campo atrapalha diretamente o aumento da eficiência da produção rural.
“Sem informações em tempo real, não é possível fazer a gestão de frota ou ter serviços básicos de suporte, por exemplo”.
Índice dos estados e municípios
Para o cálculo, critérios sociais, ambientais, produtivos e de infraestrutura foram utilizados. Assim, no cruzamento dos dados sobre cada um dos itens, cada cidade e estado recebeu notas entre 0 (completamente sem conexão rural) e 1 (conexão rural completa).
O índice de conectividade rural dos municípios, que usou informações referentes a 2023, foi de 0,454, em média.
Entre as unidades da federação, o Distrito Federal, com índice de 0,807, é o que tem a pontuação mais alta. Já o pior é o Amazonas, com 0,101. No que se refere aos municípios, o índice mais baixo é o de Maués (AM), com apenas 0,0051, enquanto Porto Alegre alcançou índice 1,000 (toda a área rural da capital do Rio Grande do Sul está conectada).
Maiores produtores, menores conectividades
O estudo da Conectar Agro revelou que os grandes centros agrícolas brasileiros têm baixos níveis de conectividade.
O Índice de Conectividade Rural de Sorriso, em Mato Grosso, o maior produtor de soja e milho do Brasil, por exemplo, é de apenas, 0,2190.
Uberaba, em Minas Gerais, o principal produtor de cana-de-açúcar do país, tem índice de 0,4877, pouco superior à média nacional. Já Rio Bananal (ES), líder na produção de café, tem índice mediano, de 0,5725.
Disparidades entre as regiões
Conforme ela, assim como ocorre com as áreas urbanas, a questão socioeconômica determinam se uma região terá mais conectividade do que a outra. “Sul e Sudeste possuem melhores índices de conectividade, enquanto Norte, Nordeste e Centro-Oeste são mais prejudicados, ou seja, são problemas geográficos, de infraestrutura”.
Paola afirma que o estudo da Conectar Agro tem como objetivo fomentar políticas públicas e iniciativas privadas para melhorar os níveis de conectividade no campo.
“Podemos apontar dizer ‘olha, essa cidade específica tem um índice de conectividade muito baixo, mas no entorno dela existe uma grande produção agrícola, então vamos criar um projeto para que a conectividade seja implementada ali'”.
A presidente destaca que o mesmo vale para as cooperativas, peças-chave para os pequenos produtores.