‘Agro não é criminoso, é solução para o país’, diz Carlos Fávaro na abertura do Fórum Planeta Campo 2023
Durante a abertura do Fórum Planeta Campo 2023, o ministro defendeu também a sustentabilidade dentro do agronegócio e a remuneração pelo trabalho feito pelo produtor rural unido ao meio ambiente
O terceiro Fórum Planeta Campo, realizado em São Paulo, reúne lideranças do setor agropecuário para discutir os desafios e oportunidades para o setor no futuro.
O evento, que tem como tema “O Agronegócio do Futuro”, aborda temas como a participação do Brasil na COP28, as certificações para comprovar as práticas sustentáveis da agropecuária brasileira, as propostas para implantar o mercado regulado de carbono no país, o papel estratégico das biosoluções na produção agrícola e os desafios de comunicar a sustentabilidade no agronegócio.
Uma das novidades desse ano, foi a introdução de uma nova inteligência artificial chamada “Vida” que deu início ao Fórum Planeta Campo, mostrando que o futuro não só do agro, mas também de toda a sociedade, está na tecnologia.
Abertura
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Logo após, dando continuidade ao evento, Julio Cargnino, presidente do Canal Rural destacou a importância do Fórum Planeta Campo para o setor.
“É o terceiro ano desse Fórum, reunindo produtores, entidades, academia para discutir o futuro da agropecuária. O evento é feito com o intuito de, primeiro levar informação ao produtor rural e também transmitir ao público geral o que há de positivo no agronegócio”.
Cargnino ainda cita como o Canal Rural, através do projeto Planeta Campo vem mostrando como o agro sustentável já é uma grande realidade e não mais uma promessa.
“Visitamos muitas fazendas e notamos que a tecnologia vem chegando cada vez mais no campo para trabalhar com sustentabilidade e mais importante, rentabilidade. Isso é essencial se quisermos que o agro continue crescendo e sendo reconhecido como pilar para a segurança alimentar mundial.
Apesar da importância do agro, o setor vem sofrendo com ataques constantes. O caso mais recente aconteceu durante o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), onde três questões da prova haviam dados considerados tendenciosos pela bancada ruralista, o que pode acabar descredibilizando o setor como um todo.
“De acordo com uma pesquisa feita pelo de olho no material escolar 3.7% dos conteúdos do agro tinham base científica entre 80% dos materiais fornecidos pelo governo federal. tudo isso baseado meramente em opinião, não há dados científicos que provem isso.”, finalizou o presidente do Canal Rural.
De maneira remota, Aurélio Pavinato, diretor presidente da SLC Agrícola enviou uma mensagem elencando três pontos principais que o agronegócio precisa discutir com urgência para que possa evoluir.
“O primeiro ponto que gostaria de elencar é o uso de agricultura digital, maximizando a eficiência e a produtividade. Em segundo lugar, o uso dos biológicos, que vem cada vez mais, junto aos defensivos agrícolas que diminuem as pragas e também os custos. Por fim, o aquecimento global, que é cada dia mais crescente e visível. Essas mudanças climáticas podem ser combatidas através da agricultura sustentável, com a valorização do produtor, aumento de rentabilidade em harmonia com o meio ambiente.”
Setor empresarial
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Continuando a abertura Rogério Castro, CEO da UPL destacou a importância de eventos como o Fórum Planeta Campo 2023 para o futuro do agronegócio.
“O Fórum evoluiu consideravelmente em apenas três anos. Agora, temos uma riqueza de debates ainda maior abrangendo pautas como segurança alimentar, mercado de carbono e descarbonização da agricultura. Até mesmo a participação da inteligência artificial tem sido notável. Isso é crucial, porque permite a comunicação eficaz com produtores e o público em geral.”
Quanto as ações da empresa em relação a sustentabilidade, Castro destacou como a UPL vem sendo pioneira em projetos de agricultura de baixo carbono.
“A UPL apresenta iniciativas altamente relevantes para o agronegócio sustentável. Somos uma das sete empresas selecionadas pela Embrapa para o projeto de soja de baixo carbono. Atualmente, já alcançamos a produção de café com carbono negativo. Até 2027, visamos ter 50% de defensivos agrícolas convencionais e 50% de biodefensivos em nossa produção. Será lançado também o plano de recuperação de pastagens também junto ao Ministério da Agricultura. Todos esses projetos prometem aumentar significativamente o potencial produtivo, proporcionando maior segurança alimentar aliada à sustentabilidade.”
Seguindo com a abertura, Marcela Rocha diretora-executiva da JBS falou sobre o grande potencial que o Brasil possui em relação ao agronegócio sustentável.
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“É crucial destacar as conquistas do Brasil, especialmente agora, próximo à COP. Aproveitar as oportunidades e compartilhar experiências positivas do país é fundamental. Com o mundo prestes a crescer em mais de 2 bilhões de pessoas, enfrentamos limitações no espaço para produção, não há lugar para desmatamento e ainda sim temos que crescer a produção. O Brasil se destaca como pioneiro na união entre sustentabilidade e produção, portanto, é nosso dever compartilhar nossas tecnologias e mostrar ao mundo nosso compromisso nesse cenário e mudar essa visão tão preconceituosa que há sobre nosso país e principalmente sobre o agro.”
Falando sobre ações da empresa, a JBS agora expandiu um de seus principais projetos: os escritórios verdes, iniciativa que agiliza o processo de regularização do produtor rural.
“Os Escritórios Verdes agora não apenas focarão na regularização ambiental, mas também na produtividade do produtor. Isso é extremamente importante, pois garante que a produção seja rentável para o agricultor.”
Encerrando as ações da iniciativa privada, Marcelo Zanatta CEO da Âmbar Energia ressaltou primeiramente a importância do programa Planeta Campo, projeto do Canal Rural sobre sustentabilidade no agronegócio que vai ao ar diariamente.
“Com o crescimento global, é essencial que nossa produção esteja cada vez mais integrada à natureza. Por isso, considero tão importante termos um programa como Planeta Campo, para levar esse compromisso do agronegócio em ser mais sustentável a um número cada vez maior de pessoas, principalmente aos produtores.”
Para o agronegócio, o CEO falou sobre os ataques que o setor recebe ataques constantemente, mesmo tendo ações sustentáveis visíveis a toda população.
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“É fácil criticar e falar sem embasamento sobre o agronegócio, mas ao conhecer a fundo, percebe-se como as pessoas são apaixonadas pelo meio ambiente. Não se trata apenas de ‘desmatadores’; existem muitas boas práticas e é essencial maximizar esse aspecto positivo. Nós, já temos 80% da matriz energética com energia solar, eólica, isso é muito grande em termos de sustentabilidade. E o agro faz parte disso, já que é o principal impulsionador da economia brasileira e utiliza dessas fontes de energia para sua produção.”
Governo
Em participação especial, o ministro Carlos Fávaro defendeu o produtor rural e o agro como parte da solução para o aquecimento global e para a segurança alimentar mundial e ressaltou que o agro não é criminoso, como é disseminado por senso comum.
“Os produtores não são criminosos, não são devastadores. O agro é solução. Menos de 2% dos produtores são criminosos, enquanto 98% são regularizados e aplicam boas práticas. É hora de valorizar os produtores que adotam boas práticas.”
Ele defendeu também a sustentabilidade dentro da produção e acima de tudo a remuneração pelo trabalho feito pelo produtor rural.
“Produtor que tem boas práticas não pode ser punido, tem que ser recompensado, isso ainda falta. Nós, como Governo Federal, nos propomos com o Plano Safra a valorizar esse produtor rural.”
Fávaro ainda revelou o novo projeto do Governo Federal de recuperação de mais de 40 milhões de hectares de pastagens previsto para o ano de 2024.
“Graças à competência dos produtores, incorporamos 40 milhões de hectares de áreas produtivas, utilizando ciência e tecnologia. Estamos preparando o lançamento do projeto de recuperação de pastagens para recuperar mais 40 milhões. Não é necessário derrubar a floresta; vamos investir onde é propício para a agricultura. Podemos realizar isso em 10 anos, gerando empregos significativos. O Brasil, através da agropecuária, contribui para a segurança alimentar mundial.”
Para finalizar a abertura, Guilherme Piai secretário de agricultura do estado de São Paulo, ressaltou que o Brasil precisa ser vocal na COP-28 e mostrar suas ações sustentáveis que o agro vem fazendo.
“Precisamos disseminar a verdade de que nosso agronegócio é líder em preservação e produção, mas ainda subvalorizado. O Brasil é único na capacidade de liderar esses processos.”
Ele citou como o Governo de SP vem agindo com relação a produção rural da cidade e celebrou que mesmo com dificuldades, o setor vem crescendo dentro do estado.
“São Paulo utiliza apenas 3% do território nacional, mas contribui com 20% do PIB do agronegócio. Isso demonstra que, apesar das dificuldades, temos oportunidades enormes. Imagine o que poderíamos conquistar ao levar conectividade ao produtor rural, proporcionando irrigação e outras melhorias.”
Confira um resumo dos outros painéis para o Fórum Planeta Campo 2023
Foto: Planeta Campo
COP28
Em relação à COP28, que será realizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, em novembro de 2023, o Brasil assume um papel de liderança na luta contra as mudanças climáticas.
O país é um dos maiores produtores de commodities agrícolas, mas também é um dos maiores emissores de gases de efeito estufa do mundo. Para cumprir suas metas climáticas, o Brasil precisa avançar na redução das emissões do setor agropecuário e são esses pontos que serão discutidos durante o Fórum Planeta Campo 2o23.
Certificações no agronegócio
As certificações são um importante instrumento para comprovar as práticas sustentáveis da agropecuária brasileira. Elas garantem aos consumidores que os produtos foram produzidos de forma responsável, com respeito ao meio ambiente e aos direitos humanos.
No Brasil, existem diversas certificações disponíveis para o setor agropecuário, como o selo Rainforest Alliance, o selo Fair Trade e o selo Global GAP.
Mercado de carbono
O mercado de carbono é uma ferramenta que pode ajudar a reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Ele permite que empresas e países que emitem menos gases do efeito estufa possam vender créditos de carbono para empresas e países que emitem mais.
No Brasil, tramita no Congresso Nacional um projeto de lei que cria o mercado regulado de carbono no país. O projeto prevê que as empresas que emitirem mais de 10 mil toneladas de dióxido de carbono (CO2) por ano serão obrigadas a comprar créditos de carbono para compensar suas emissões.
Biosoluções
As biosoluções são produtos e processos que utilizam recursos biológicos para resolver problemas ambientais ou sociais. Elas têm potencial para contribuir para a sustentabilidade do agronegócio, por exemplo, por meio da redução do uso de agrotóxicos, da melhoria da eficiência no uso da água e da redução da emissão de gases de efeito estufa.
Espera-se que o mercado de biosoluções cresça, pelo menos, 25% ao ano até 2030.
Comunicação da sustentabilidade
O último tema que será discutido no fórum é o desafio de comunicar a sustentabilidade no agronegócio. Os consumidores estão cada vez mais preocupados com a sustentabilidade dos produtos que consomem.
Para atender a essa demanda, as empresas do agronegócio precisam investir em comunicação que demonstre o compromisso da empresa com a sustentabilidader