Proteção da biodiversidade está ligada à redução da pobreza
Biodiversidade não ajuda apenas o meio ambiente. Também é uma das formas de reduzir pobreza e desigualdade social, segundo estudos feitos pelo país.
A biodiversidade não está ligada apenas ao conceito de preservação da natureza, sustentabilidade ou boas práticas no campo.
Ela também está ligada à redução da pobreza e da fome, além da saúde e bem-estar da população.
Esse é o resultado de uma série de discussões feitas no webinário “Biodiversidade Terrestre e Marinha: conservação, uso e desenvolvimento sustentável“, realizado pela Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp) e pela FAPESP.
O Planeta Campo repercutiu essa questão com Simone Vieira, pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais da Unicamp.
O que é biodiversidade?
Para Simone, biodiversidade não é apenas saber que tipos de espécies vivem em um mesmo local, ou a composição deles em um bioma.
Ela inclui a biodiversidade genética — e cita como exemplo as raças de cachorros, que são da mesma espécie, porém extremamente diferentes entre si.
“A biodiversidade também inclui a diversidade de ecossistemas nos locais”, complementa.
Qual a relação entre biodiversidade e condição social?
Estudos indicam que, onde há mais biodiversidade, existe menos pobreza na região.
Na avaliação da pesquisadora, isso acontece porque a biodiversidade é responsável pela geração e manutenção dos serviços ambientais, que incluem regulação do clima, água, terra, e a distribuição de alimentos e de outros recursos.
“As populações que tem acesso a biodiversidade tem maior acesso a peixes, frutos, alimentação em geral, e materiais que usam para artesanato ou outras atividades, e, por consequência, melhor condição de vida”, argumenta.
Tema está ligado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
O conjunto de metas estabelecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) e que devem ser cumpridas até 2030 incluem os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), e que passam pela ampliação do acesso à biodiversidade e a melhor qualificação nesse sentido.
O país se comprometeu a reduzir em 43% as emissões de carbono, recuperando, para isso, 12 milhões de hectares de floresta até 2030.
Geração de empregos
Simone Vieira acredita que o Brasil tem um longo caminho até atingir as metas, mas iniciativas que estão sendo implementadas no país estão ajudando nesse sentido, e que também vão gerar um grande impacto social.
Ela cita o Plano ABC, hoje chamado ABC+, que promete reduzir em 1,1 bilhão de toneladas de gases do Efeito Estufa no ar.
Só com os planos de restauração de florestas seria possível gerar dois milhões de empregos, segundo estimativas.
“Para essa cadeia da recuperação, precisamos do coletor de sementes, viveiros de muda, equipe que vai fazer implantação, até a questão mais tecnológica, de equipamentos. Isso movimenta muito a economia”, exemplifica.
O papel do produtor na biodiversidade
“É na propriedade rural que tudo isso está acontecendo. Então, é importante que o produtor tenha acesso a incentivos para que ele possa reduzir as áreas degradadas, que reduz a emissão de CO2 na atmosfera, para que ele possa melhorar as práticas de manejo. Sem o produtor não vamos conseguir alcançar os objetivos”, finaliza a pesquisadora.