Brasil pode reduzir emissões de gases de efeito estufa a baixo custo, revela estudo
Um dos aliados nesse processo de descarbonização é a agropecuária, onde o uso de técnicas de manejo sustentável de animais e agricultura regenerativa diminuem as emissões de gases de efeito estufa
O Brasil, sendo o sexto maior emissor global de gases de efeito estufa (GEE), enfrenta um desafio significativo na busca por uma economia mais sustentável.
Diferentemente de outros países com perfis de emissões baseados em combustíveis fósseis, o Brasil tem um problema central: o desmatamento ilegal, que corresponde a aproximadamente um terço das emissões nacionais de GEE.
Desmatamento ilegal: principal fonte de emissões de gases de efeito estufa
O desmatamento ilegal é a principal fonte de emissões de gases de efeito estufa no Brasil, contribuindo com 31% das emissões em 2021, de acordo com o Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG).
Cerca de 94% do desmatamento ocorre na Amazônia, o maior bioma tropical do mundo. Para combater essa questão, é necessário abordar a regulação fundiária e criar incentivos para negócios sustentáveis baseados na preservação das florestas.
Principais alavancas de descarbonização por setor
O estudo da McKinsey identificou as principais alavancas de descarbonização por setor no Brasil:
- Uso de Terra, Mudança do Uso da Terra e Florestas: Redução do desmatamento ilegal e restauração florestal e ambiental.
- Agropecuária: Uso de técnicas de manejo sustentável de animais e agricultura regenerativa.
- Transporte: Eletrificação do transporte de carga e passageiros, uso de ônibus e caminhões elétricos e combustíveis sustentáveis de aviação.
- Energia: Aumento da utilização de fontes renováveis de energia.
- Indústria: Adoção de hidrogênio verde, bioenergia e tecnologias de Captura, Uso e Armazenagem de Carbono (CCUS).
Caminho para a descarbonização
No cenário “Net Zero 2050”, o Brasil pode realizar ações ambiciosas para descarbonizar sua economia. Isso inclui a redução do desmatamento ilegal, práticas sustentáveis na agropecuária e contenção do crescimento de emissões em outros setores.
De acordo com o estudo, um preço de carbono de cerca de US$ 20 por tonelada permitiria essa transição, exigindo investimentos médios anuais de US$ 80 bilhões. Além disso, essa trajetória poderia contribuir com até 15 bilhões de dólares para o PIB e a criação de até 1,1 milhão de empregos.
A importância da sustentabilidade
Para atingir a meta de descarbonização, é fundamental promover a agricultura de baixo carbono e incentivar práticas sustentáveis em grande escala. Isso inclui capacitar, investir em extensão rural e desenvolver mecanismos financeiros para produtos agrícolas com menor intensidade de carbono.
Além disso, a implantação do Acordo de Paris e a criação de mercados regulados de carbono são essenciais para precificar as emissões de gases de efeito estufa e incentivar ações concretas.
Caminhos
O Brasil tem a oportunidade de reduzir suas emissões de gases de efeito estufa de forma eficiente e econômica. A adoção de práticas sustentáveis na agropecuária, a restauração florestal, a eletrificação do transporte e o aumento das fontes de energia renovável são estratégias-chave.
O sucesso na descarbonização também está ligado à capacidade de controlar o desmatamento ilegal, transformando-o em uma oportunidade econômica e de preservação ambiental.
Com a Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas (COP28) se aproximando, o Brasil e outros países devem colaborar para alcançar um futuro sustentável e reduzir o impacto das mudanças climáticas no planeta.
Efeito estufa
Os gases de efeito estufa são componentes naturais da atmosfera terrestre que desempenham um papel crucial no equilíbrio térmico do planeta. Eles absorvem parte do calor irradiado pela Terra em direção ao espaço e o reemitam em todas as direções, incluindo de volta à superfície da Terra. Isso cria um efeito semelhante ao de um estufa, mantendo a temperatura média do planeta em níveis adequados para sustentar a vida.
No entanto, as atividades humanas, como a queima de combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás) e o desmatamento, estão aumentando as concentrações desses gases na atmosfera, amplificando o efeito estufa natural. Isso leva a um aumento das temperaturas globais e aos impactos das mudanças climáticas. Aqui estão alguns dos principais gases de efeito estufa:
- Dióxido de Carbono (CO2):
- O CO2 é o principal gás de efeito estufa proveniente da queima de combustíveis fósseis, desmatamento e outras atividades humanas.
- Sua concentração na atmosfera aumentou significativamente desde a Revolução Industrial.
- Metano (CH4):
- O metano é liberado durante processos naturais, como a decomposição orgânica em pântanos, bem como por atividades humanas, como pecuária, produção de gás natural e aterros sanitários.
- O metano é um gás de efeito estufa mais potente do que o CO2, mas sua concentração é menor.
- Óxido Nitroso (N2O):
- O óxido nitroso é liberado principalmente por atividades agrícolas, como o uso de fertilizantes nitrogenados, e pela queima de combustíveis fósseis.
- Assim como o metano, o N2O é mais potente como gás de efeito estufa em comparação com o CO2.
- Vapor de Água (H2O):
- O vapor de água é o gás de efeito estufa mais abundante na atmosfera, mas suas concentrações são influenciadas principalmente pelas mudanças climáticas e variam naturalmente.
- Fluorcarbonetos e outros gases industriais:
- Alguns gases produzidos industrialmente, como os hidrofluorcarbonetos (HFCs), perfluorcarbonetos (PFCs) e hexafluoreto de enxofre (SF6), são extremamente potentes como gases de efeito estufa, embora suas concentrações sejam muito baixas.
A preocupação com as concentrações crescentes desses gases de efeito estufa reside no fato de que eles estão contribuindo para o aquecimento global e os impactos das mudanças climáticas.
A mitigação das mudanças climáticas envolve a redução das emissões desses gases, bem como a adoção de práticas sustentáveis para limitar o aumento das temperaturas globais.