O passo a passo de um dos primeiros produtores rurais a vender no mercado de carbono
Na propriedade, foram comercializadas 630 sacas de café carbono neutro safra 21, com um bônus de r$ 100,00 por saca.
Há séculos que já não se encontra ouro nas velhas Minas Gerais. o Estado enriqueceu mesmo graças ao café, que brilha tanto quanto o metal dourado e pode ser uma fonte de renda sem fim se o manejo for sustentável. Por isso, os investimentos não param. atualmente, os mineiros produzem e comercializam as primeiras safras de café carbono neutro.
Em Três Pontas, no sul de Minas Gerais, tecnologia, inovação e preocupação com o meio ambiente são como a cafeína para os sonhos da família Brito.
O cafeicultor, engenheiro mecânico e patriarca da família, Marcelo Brito, conta que o start para enveredar no mercado de carbono aconteceu após a leitura do livro do Bill Gates, intitulado: Como evitar um desastre climático. “Com o tempo, foi crescendo a necessidade de métodos sustentáveis. Após a leitura do livro, procurei uma certificadora para nos apoiar com a produção”, disse.
Valor da venda
Na propriedade, foram comercializadas 630 sacas de café carbono neutro safra 21, com um bônus de R$ 100,00 por saca. O primeiro passo para conquistar o título de neutro na cadeia produtiva foi medir o carbono emitido e o sequestrado em toda a propriedade. “Nós não tínhamos ideia do valor do inventário. Foi uma surpresa para todos o fato de já sermos sustentáveis. A situação hoje da propriedade é bem equilibrada, ficamos com um déficit que já foi neutralizado”, conta,
O especialista em certificação, Márcio Mitidieri, foi o responsável pelo inventário da fazenda Sete Cachoeiras. Segundo o profissional, a primeira coisa a fazer é o chamado inventário das emissões de carbono. “ A primeira coisa que precisamos ter em mente é a metodologia credível. Buscamos uma metodologia baseada no instituto FGV para mensurar toda e qualquer emissão na fazenda”, explica.
Metodologia de certificação
Para a metodologia funcionar, existe um protocolo. Mitidieri explica que o primeiro passo é ir até a propriedade e fazer todo o inventário. “Gastos de energia, frota, levantamentos de manejos utilizados. Lançamos todos os valores em uma calculadora que existe dentro dessa metodologia e certificamos a safra pela anuidade, ou seja, pelo ano. então, neutralizamos as emissões realizadas nesse período”, falou.
Na propriedade, por exemplo, são vários os manejos que diminuem a pegada de carbono, como as roçadas alternadas, baixo uso de herbicida, uso de adubação nitrogenada além de fazer uso de produtos biológicos. Quanto à energia, faz uso da fotovoltaica, isso a torna ainda mais sustentável.
Manejos sustentáveis
No mercado de carbono, quanto mais sustentável, mais positiva a situação do produtor. A fazenda Sete Cachoeiras investiu nesse quesito desde sua formação. Agora, colhe os frutos dessa escolha.
O engenheiro agrônomo responsável, José Saulo Gonçalves, ressalta que foram adotados manejos complementares, como a reciclagem. “A reciclagem é feita com a própria poda do café. Além disso, colocamos como planta de cobertura a braquiária além de um mix de microrganismos no solo para conter nematoides e aumentar o sistema radicular da planta”, explicou.
Mercado de carbono
O diretor da Volcafe em Minas Gerais, Marcelo Pedroza, responsável pela compra do café carbono neutro, conta que o certificado de carbono neutro é um diferencial importante na produção. “Conhecemos a fazenda há anos. sabemos da preocupação com a sustentabilidade a certificação é uma conquista. A forma de produzir, os manejos usados são importantes também”, completou.
O mercado de carbono é uma tendência tão promissora para o Brasil, que uma projeção feita pela consultoria Waycarbon indica a possibilidade do país gerar entre 490 milhões e 100 bilhões de dólares em crédito de carbono até 2030. Por enquanto, essa conquista é de poucos como a da família do cafeicultor Marcelo Brito.
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