‘Certificações são a chave para o futuro sustentável do agro’, diz gerente de certificação do Imaflora
O selo FSC, por exemplo, tornou-se uma das certificações de confiabilidade, garantindo que a madeira provém de áreas manejadas de forma responsável e sem desmatamento
O agronegócio brasileiro, uma potência global em produção e exportação, está se adaptando rapidamente para atender às crescentes demandas por sustentabilidade e transparência no mercado.
Certificações socioambientais desempenham um papel vital nessa transformação. Nesta entrevista, Luiz Iaquinta, Gerente de Certificação Socioambiental no Imaflora, nos conduz pelo “mundo das certificações” no agronegócio brasileiro, destacando como elas estão moldando o futuro da produção agropecuária no país.
Certificações promovem práticas sustentáveis
O setor florestal brasileiro liderou a adoção de certificações socioambientais desde meados dos anos 90. O selo FSC (Forest Stewardship Council) tornou-se um padrão de confiabilidade, garantindo que a madeira provém de áreas manejadas de forma responsável, sem desmatamento e em conformidade com regulamentações ambientais e sociais rigorosas.
A soja, um componente essencial na alimentação global, é produzida em larga escala no Brasil. Iniciativas como a RTRS (Round Table on Responsible Soy) têm como objetivo certificar que a produção de soja seja ambientalmente sustentável, legal e socialmente responsável. Cerca de 12% da produção brasileira de soja já possui algum nível de certificação.
“A pecuária brasileira enfrenta desafios significativos, especialmente em relação ao desmatamento e questões sociais. O protocolo “Boi na Linha” visa garantir que a produção pecuária ocorra fora de áreas desmatadas e cumpra critérios sociais e ambientais. Frigoríficos e produtores estão aderindo a esse protocolo para garantir a rastreabilidade e a confiabilidade do produto final”, destaca Iaquinta.
Sustentabilidade e governança
A certificação promove boas práticas de governança nas propriedades rurais. A governança envolve não apenas questões ambientais, mas também aspectos sociais, contribuindo para uma produção mais eficiente, com impactos ambientais e sociais positivos.
“Certificações não são exclusivas para grandes produtores. Pequenos agricultores e comunidades rurais também podem adotar práticas sustentáveis e obter certificações, muitas vezes com apoio de instituições como o Imaflora, que destinam recursos para esse fim,” disse.
Compromisso com o carbono neutro
Projetos como o “Carbon On Track” do Imaflora buscam incentivar práticas de produção agropecuária com baixa emissão de carbono. O Brasil tem o potencial de se destacar na captura de carbono, sendo um dos principais produtores de alimentos do mundo.
O cenário do agronegócio brasileiro está passando por uma profunda transformação, impulsionada por certificações socioambientais. Essas certificações não apenas agregam valor aos produtos brasileiros no mercado global, mas também promovem boas práticas, governança e sustentabilidade em todo o setor.
“O Brasil, com seu vasto território e recursos naturais, tem o potencial de liderar o caminho para uma produção agropecuária mais responsável, beneficiando tanto os produtores quanto o planeta”, finaliza.