No cenário do agronegócio brasileiro, as áreas de vegetação nativa têm ganhado destaque não apenas pela preservação ambiental, mas também como ativos valiosos no emergente mercado de créditos de carbono.
Em entrevista ao Planeta Campo, a Dra. Natália Renteria, advogada especializada em direito internacional ambiental e governança climática Global, discutiu as possibilidades de valorização dessas áreas e as estratégias para os produtores rurais.
O mercado de carbono e as áreas preservadas
Foto: SLC
A preservação de Áreas de Preservação Permanente (APP) e reserva legal é requisito fundamental no Código Florestal brasileiro. Entretanto, reconhecendo a necessidade de incentivos financeiros para os produtores rurais, o mercado de créditos de carbono surge como uma resposta promissora.
O atual projeto de lei em discussão no Congresso visa autorizar a geração desses créditos, tornando as áreas preservadas não apenas ambientalmente valiosas, mas também financeiramente atrativas.
“As oportunidades não se limitam às áreas de reserva legal. Projetos de restauro, conservação e agricultura de baixo carbono são opções técnicas que podem gerar créditos de carbono. Essas iniciativas demandam apoio técnico específico e são adaptadas às necessidades individuais de cada propriedade rural”, diz a advogada.
Mercado voluntário
Foto: Envato
Enquanto o mercado regulado de carbono está em discussão no Congresso, o voluntário já está em pleno funcionamento.
Natália explica que os preços dos créditos de carbono no mercado voluntário são definidos pelo próprio projeto. A reputação do projeto, juntamente com benefícios sociais e de biodiversidade, influencia diretamente os valores.
“Projetos de soluções baseadas na natureza, como os da Amazônia, são os mais valorizados no meio voluntário”, ressalta.
A valorização do crédito de carbono no Brasil, principalmente em áreas de florestas na bioeconomia, é significativa no mercado voluntário. Projetos com características de soluções baseadas na natureza, além de benefícios climáticos, recebem preços mais altos.
“O entendimento claro da dinâmica desse meio pode se tornar um diferencial para os produtores rurais brasileiros”, finaliza.
Enquanto o Congresso debate regulamentações, os produtores podem explorar ativamente as opções disponíveis, tornando as áreas preservadas não apenas pilares ambientais, mas também fontes de receitas financeiras. O mercado de carbono surge como um aliado crucial na busca por práticas agrícolas mais sustentáveis.