FLORESTAS PRODUTIVAS

Açaí pode ser até cinco vezes mais lucrativo que soja, diz MDA ao lançar programa na COP30

Governo quer recuperar áreas degradadas, ampliar renda e reforçar a permanência do jovem no campo

açaí
Foto: Giorgio Venturieri/Embrapa

O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) apresentou, durante a COP30, em Belém, o Programa Florestas Produtivas, iniciativa voltada a auxiliar agricultores familiares na recuperação de áreas degradadas por meio do plantio de espécies florestais capazes de gerar renda.

Entre as culturas incentivadas estão açaí, cupuaçu, cacau, dendê, copaíba e andiroba, todas com potencial econômico elevado. Segundo o ministro Paulo Teixeira, o retorno financeiro pode ser bastante expressivo. Ele destacou que a rentabilidade do açaí, em alguns casos, chega a ser cinco vezes maior que a da soja.

“Queremos devolver às florestas o papel de produzir água, chuva, biodiversidade e, ao mesmo tempo, economia para os agricultores. Essas espécies entregam resultado financeiro muito superior à agricultura de baixa produtividade, que inclusive contribuiu para a degradação dessas áreas”, afirmou Teixeira.

O ministro acrescentou que os produtores também podem optar por culturas de ciclo mais curto, como banana, maracujá, abacaxi, melancia e abóbora, que ajudam a acelerar o processo de recomposição das áreas.

O programa será financiado com recursos já disponíveis aos agricultores familiares, especialmente os do Pronaf, que somam cerca de R$ 700 milhões, com juros de 0,5% ao ano e descontos de até 40% na compra de alguns equipamentos.

Um exemplo é o Açaí Bolt, robô que escala açaizeiros e custa cerca de R$ 19 mil. Pelo Pronaf, o valor cai para R$ 12 mil. “O resultado da colheita do açaí permite ao produtor quitar rapidamente o financiamento. O MDA tem buscado investir, via Finep, Embrapa e CNPq, para reduzir o esforço físico do agricultor”, destacou o ministro.

Teixeira também afirmou que o incentivo à tecnologia, combinado com a formação de cooperativas e agroindústrias na região Norte, é essencial para manter os jovens no campo e garantir a continuidade da sucessão familiar.

“Estamos enviando ao Congresso uma proposta para criar um sistema único de assistência técnica e extensão rural que fortaleça as empresas estaduais e facilite a transmissão de conhecimento da Embrapa e das universidades para a agricultura familiar”, completou.