DIÁRIO DA COP

Apesar dos desafios, negociações da COP30 tem avançado, avalia especialistas

Avaliação é que agro ganha espaço na conferência e Brasil assume papel estratégico nas mesas de negociação

Apesar dos desafios, negociações da COP30 tem avançado, avalia especialistas

Durante a edição desta quinta-feira (13) do Diário da COP, transmitido pelo YouTube do Canal Rural, direto da COP30, em Belém (PA), o embaixador especial da agricultura para a COP30, Roberto Rodrigues, recebeu Marcelo Brito, enviado especial do governo brasileiro, e Manuel Otero, diretor-geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA). A conversa destacou os bastidores das negociações e as principais disputas em andamento na conferência.

Ao analisar o andamento da COP30, Marcelo Brito ressaltou que o modelo de negociação da conferência é complexo e baseado no consenso entre países com interesses divergentes. Mesmo assim, ele destacou o desempenho do negociador brasileiro André Corrêa do Lago, que conseguiu aprovar a agenda da conferência em apenas duas horas ,algo que costuma levar de dois a três dias.

Brito classificou esse início como um “bom sinal”, mas também alertou para problemas de coordenação interna do governo brasileiro, citando como exemplo a assinatura do compromisso internacional para eletrificar caminhões até 2040. Segundo ele, a medida contraria os investimentos nacionais em biometano e gerou reação imediata de diversos setores.

Apesar dos desafios, Brito destacou pontos positivos, principalmente a crescente presença da agropecuária nas discussões climáticas. Ele lembrou que, pela primeira vez, temas como agricultura regenerativa, pecuária regenerativa e sistemas agroalimentares ocupam espaço central na COP.

Segundo Brito, “virou o disco”: se em COPs anteriores a agricultura era tratada apenas sob a ótica das emissões, agora aparece como parte da solução climática. Ele avalia que os próximos anos podem consolidar esse protagonismo, especialmente com as futuras COPs sendo negociadas por países com forte perfil agrícola e energético, como Austrália, Índia e Nigéria.

Já Manuel Otero, do IICA, reforçou o papel estratégico da agricultura das Américas. Ele descreveu o instituto como um “construtor de pontes” entre países e destacou a importância de uma posição coletiva para transformar os sistemas agroalimentares. Otero afirmou que a agricultura do continente está “de pé” e que os próximos 25 anos serão decisivos para construir uma atividade sustentável, intensiva em conhecimento e capaz de gerar renda e qualidade de vida no meio rural.

O diretor do IICA também defendeu que a agricultura deve permanecer integrada às discussões climáticas nas próximas COPs, e não tratada como um tema isolado. Para ele, a força do setor está no protagonismo dos 17 milhões de pequenos agricultores das Américas, que precisam ser incluídos na modernização do campo para evitar êxodo rural e fortalecer a segurança alimentar.

Veja abaixo a íntegra do Diário da COP: