
Um documento de posicionamento lançado pela Embrapa durante a COP30 coloca a pecuária brasileira no centro das estratégias de mitigação climática. Produzido por 18 pesquisadores da instituição, o material reforça que tecnologias já disponíveis no país, como recuperação de pastagens, manejo eficiente e sistemas integrados, reduzem emissões e aumentam a produtividade no campo.
Segundo a Embrapa, práticas como integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), adubação balanceada e uso de genética mais eficiente têm apresentado resultados consistentes. Produtores que adotam essas tecnologias observam retorno rápido, com maior margem, menos custos operacionais e mais segurança no negócio.
“A pecuária no Brasil, ela é um sistema baseado a pasto. Nós temos a maior parte da nossa produção em sistemas de produção a pasto. As pastagens gramíneas, elas têm uma alta capacidade de fixação do carbono, de fotossíntese e fixação do carbono, tanto nas pastagens quanto no solo”, afirma o pesquisador da Embrapa, Luis Orcirio.
Além de ampliar a capacidade de lotação e evitar a abertura de novas áreas, o manejo eficiente aproxima a atividade dos critérios ESG (ambiental, social e de governança). A pecuária está presente em todos os municípios brasileiros e oferece oportunidades para pequenos, médios e grandes produtores, gerando renda e fortalecendo a economia rural.
O documento também destaca que a pecuária tropical garante vantagens competitivas frente a países de clima temperado. O custo de produção é menor e o bem-estar animal tende a ser maior em função das condições naturais do ambiente tropical, abrindo portas para mercados internacionais mais exigentes.
Segundo Orcirio, é possível produzir com baixa emissão e, ao mesmo tempo, aumentar renda e eficiência. “É possível adotar técnicas de manejo que nos permitam colocar carbono no solo, por meio das tecnologias que apresentamos nesses dois dias. Ou seja, a pecuária também pode ciclar nutrientes por meio dos coprodutos e subprodutos da agroindústria”, explica.