
O Fórum Planeta Campo – Especial COP30, promovido pelo Canal Rural nesta terça-feira (11), no espaço CNA/Senar (Agrizone), em Belém (PA), reúne líderes do agronegócio, cientistas e representantes de entidades nacionais e internacionais para discutir o papel do agro brasileiro diante da transição verde e da segurança alimentar mundial.
Com o lema “O futuro da alimentação passa pelo Brasil”, o evento celebra ainda a 4ª Edição do Prêmio Planeta Campo, que reconhece práticas sustentáveis no campo. O presidente do Canal Rural, Julio Cargnino, abriu o encontro ressaltando a importância de transformar o discurso sobre sustentabilidade em dados e exemplos concretos.
“As COPs são arenas fundamentais de comunicação e posicionamento. O Canal Rural há cinco anos vem mostrando os grandes cases do agronegócio brasileiro — e este fórum é uma das principais ferramentas para isso”, afirmou.

Cargnino destacou ainda o “efeito poupa-terra”, estudo da Embrapa que revela aumento de 30% na produção de grãos com apenas 1% de expansão da área cultivada, graças à recuperação de pastagens degradadas. “É prova de que crescemos sem desmatar. O agronegócio é parte da solução”, completou.
A agricultura tropical é a nova fronteira sustentável, afirma Silvia Massruhá, presidente da Embrapa
A presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, reforçou que a COP30 marca um novo capítulo da agricultura tropical brasileira, com foco em inovação, tecnologia e conservação.
“Estamos mostrando ao mundo que é possível produzir mais e preservar. Nossa agricultura é baseada em ciência e tecnologia, com práticas regenerativas e de baixo carbono”, afirmou.

Silvia destacou as vitrines tecnológicas da Embrapa Amazônia Oriental — como o sistema ILPF, cultivos de baixo carbono e o robusta amazônico —, e defendeu três pilares para o avanço sustentável: ciência, capacitação e políticas públicas. “O desafio agora é fazer essas tecnologias chegarem ao pequeno produtor e garantir inclusão produtiva e social”, completou.
Manuel Otero, da IICA: “A América Latina precisa acreditar mais em si mesma”
O presidente do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Manuel Otero, destacou o papel da região na segurança alimentar global e defendeu mais integração e autoconfiança.
“Somos o continente da diversidade agrícola e da esperança. Temos que defender mais o nosso agro e transformar ameaças climáticas em oportunidades”, disse.

Para Otero, a solidariedade regional e a valorização dos 16 milhões de pequenos agricultores latino-americanos são essenciais para equilibrar desenvolvimento econômico e sustentabilidade ambiental.
“O agro brasileiro produz com responsabilidade e ciência”, afirma Muni Lourenço, da CNA
Em nome do presidente da CNA, João Martins, o vice-presidente Muni Lourenço reafirmou o compromisso do produtor rural brasileiro com o meio ambiente e a segurança alimentar global.
“O agro brasileiro alimenta 1 bilhão de pessoas e cumpre a legislação ambiental mais rigorosa do mundo. Produzimos com ciência, tecnologia e responsabilidade”, destacou.

Lourenço ressaltou que a CNA, presente na Blue Zone da COP30, acompanha de perto as negociações internacionais. “Estamos aqui para garantir que das decisões de Belém não saiam obstáculos à produção de alimentos. O Brasil é líder em agropecuária sustentável e vai mostrar isso ao mundo”, completou.
Eduardo Leite: “Sustentabilidade é usar a natureza de forma responsável”

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, apresentou ações do estado voltadas à neutralidade de carbono até 2050, como o Programa Proclima 2050 e o pagamento por serviços ambientais.
“O agronegócio gaúcho é consciente do seu papel e trabalha com dados, não com achismos. Reduzimos em 26% as emissões líquidas de carbono em três anos”, afirmou.
Leite defendeu o uso de inventários e métricas científicas para orientar políticas e afastar discursos ideológicos sobre o agro. “Sustentabilidade não é deixar a natureza intocada, é usá-la de forma responsável para garantir o futuro das próximas gerações”, concluiu.