
O papel da agricultura nas soluções para as mudanças climáticas e na segurança alimentar mundial marcou a abertura do Fórum Planeta Campo, realizado nesta terça-feira (11) em Belém, durante a COP30. O evento ocorre em paralelo à conferência do clima.
A quinta edição do fórum é promovida pelo Canal Rural e reúne lideranças do agronegócio, pesquisadores e autoridades para discutir o papel do setor nas soluções climáticas e no desenvolvimento sustentável.
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Agro como protagonista da transição sustentável
O CEO global da JBS, Gilberto Tomazoni, afirmou que o agro deve ser visto como parte da solução para os dois maiores desafios da humanidade — o clima e a alimentação. “Nós teremos quase dez bilhões de pessoas em 2050. Precisamos produzir mais, mas de forma sustentável. A agricultura pode e deve fazer as duas coisas ao mesmo tempo”, destacou.
Tomazoni relatou que, à frente de um grupo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), coordenou uma força-tarefa sobre sistemas alimentares que reuniu executivos de grandes empresas globais. O objetivo foi propor iniciativas privadas para apoiar líderes da COP30 em ações que integrem produtividade e sustentabilidade.
Produtividade, assistência e financiamento
O executivo da JBS defendeu o aumento da produtividade agrícola aliado a programas de apoio técnico e financeiro aos pequenos e médios produtores. “O Brasil tem tecnologia de ponta, mas precisamos levá-la a quem mais precisa. Isso se faz com assistência técnica, gerencial e com acesso a crédito e seguro”, disse.
Entre as ações da empresa, Tomazoni citou os Escritórios Verdes, que orientam pecuaristas na regularização ambiental e no aumento da eficiência produtiva. Também mencionou o uso de blockchain para rastrear animais e garantir transparência na cadeia da carne. “Criamos uma plataforma que permite monitorar fornecedores indiretos. Já temos produtos 100% rastreados nos supermercados”, afirmou.
O CEO da JBS reforçou ainda a importância de mostrar resultados práticos para mudar a imagem do agro brasileiro no exterior. “A narrativa só muda quando mostramos o que estamos fazendo. O Brasil tem exemplos concretos de produção com baixo impacto e captura de carbono”, completou.
Práticas sustentáveis e compensação
O CEO global da UPL, Jai Shroff, também defendeu o reconhecimento do agro como aliado na agenda climática. Para ele, as práticas implementadas nas fazendas brasileiras estão entre as mais sustentáveis do mundo. “Os produtores brasileiros são frequentemente acusados injustamente. O que vejo aqui são tecnologias e práticas transformadoras”, disse.
Shroff ressaltou que a agricultura precisa de instrumentos econômicos que recompensem produtores que adotam sistemas de baixo carbono. “É essencial criar mecanismos simples de compensação e ampliar o acesso a tecnologias que aumentem a resiliência e reduzam as emissões”, afirmou.
Ele lembrou que pequenos agricultores em países emergentes ainda enfrentam vulnerabilidades extremas, dependendo de uma única safra para garantir a renda familiar. “Precisamos apoiar esses produtores. Por isso, lançamos o programa SCO, que incentiva práticas de descarbonização e valoriza quem produz de forma sustentável”, concluiu.