PAINEL FÓRUM PLANETA CAMPO

'Precisamos mostrar para o mundo que agricultor está aliado à preservação ambiental', diz Roberto Rodrigues

O primeiro painel do Fórum Planeta Campo, realizado durante a COP30, discutiu o papel da agricultura na segurança alimentar

Foto: Jhonnys Silva fotografia
Foto: Jhonnys Silva fotografia

O primeiro painel do Fórum Planeta Campo, realizado nesta terça-feira (11) durante a COP30, teve como tema “Agro que alimenta e é solução climática – segurança alimentar e sustentabilidade ambiental”. O encontro reuniu lideranças do setor agropecuário, representantes de entidades e do governo para discutir o papel do agronegócio brasileiro na produção de alimentos e na preservação ambiental.

Participaram do debate Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura; Mauro de Nadal, deputado estadual e presidente da Frente Parlamentar da COP30 de Santa Catarina; Rodrigo Justos, conselheiro da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA); e Luciana Furtado, coordenadora de Agronegócio da ApexBrasil.

O deputado Mauro de Nadal abriu o painel destacando a atuação de Santa Catarina nas discussões sobre sustentabilidade e produção responsável. Segundo ele, o estado buscou um formato diferenciado de preparação para a COP30, com foco no diálogo entre produção e preservação.

“Santa Catarina lançou um processo diferente por essa COP. Quando soubemos que o Brasil sediaria o evento, buscamos um novo modelo de discussão para mostrar que em SC quem produz também preserva. O conceito de meio ambiente já se tornou o dia a dia do produtor”, afirmou.

O parlamentar ressaltou que 38% do território catarinense é formado por mata nativa, o que demonstra o comprometimento dos produtores com a preservação. Ele também defendeu incentivos fiscais e de crédito para quem investe em práticas sustentáveis. “Na mesma linha de crédito, outro tema é a isenção de tributação e taxas sobre aquele que está produzindo energia limpa.”

O conselheiro da CNA, Rodrigo Justos, trouxe uma visão histórica da participação do setor nas Conferências do Clima. Ele contou que acompanha as COPs desde 2009 e que, naquela época, havia resistência em incluir a agricultura nas discussões climáticas.

“Quando comecei a andar pelos pavilhões, lembro que me perguntaram o que o Brasil estava fazendo lá. Expliquei que era da CNA e ouvi: ‘Você chegou adiantado e errado, porque os agricultores desmatam’”, relembrou.

Justos destacou que essa percepção começou a mudar graças à atuação da Embrapa e de entidades que vêm mostrando o papel do agro na mitigação das mudanças climáticas e na segurança alimentar mundial. “O Brasil insistiu na necessidade de dar enfoque ao setor agrícola, alimento em qualidade e em quantidade. É por isso que essa precisa ser também a COP da agricultura”, afirmou.

O representante da CNA reforçou a importância da comunicação para corrigir distorções e combater campanhas negativas. “A população rural hoje é minoria, por isso é muito importante comunicar e chamar ao debate. Não podíamos deixar propagandas negativas sem embasamento técnico e científico aparecerem”, alertou.

Segundo Justos, a confederação tem trabalhado para aproximar quem critica o setor, promovendo o diálogo e a transparência. “Buscamos participar das convenções, trazer quem critica para perto, para que entendam e saibam comparar o nosso sistema de produção, e façam seu próprio julgamento”, explicou.

Ele acrescentou que o objetivo é que as pessoas fora do setor entendam o modelo brasileiro e reconheçam seus avanços. “Várias organizações que não são do agro precisam entender o que estamos falando, e a CNA tem investido justamente nisso em informação, comunicação e presença constante nesses espaços.”

O ex-ministro Roberto Rodrigues reforçou a necessidade de o Brasil mostrar ao mundo que o agronegócio não é responsável pelo desmatamento ilegal, e sim por práticas sustentáveis e inovadoras.

Ele também abordou a questão da concorrência internacional e os ataques sofridos pelo país. “Nós temos concorrentes europeus e americanos que não conseguem competir conosco. Nós somos melhores, e eles sabem disso. Então, o que fazem para nos destruir? Misturam o que é irregular no Brasil, como invasão de terras e garimpo ilegal, e colocam tudo na conta da agricultura”, afirmou.

Rodrigues destacou que o setor precisa reagir com dados e transparência. “Temos ilegalidades cometidas por bandidos, e o concorrente se aproveita disso e joga nas nossas costas a ilegalidade. Precisamos mostrar para o mundo que quem desmata não é a agricultura. Quem faz errado não é agricultor”, defendeu, afirmando que produtores são aliados à sustentabilidade ambiental.

Encerrando o painel, Luciana Furtado, coordenadora de Agronegócio da ApexBrasil, trouxe a perspectiva do comércio exterior e o papel estratégico do agro brasileiro nas soluções globais para o clima, a segurança alimentar e energética.

“A ApexBrasil trabalha com exportação e investimento no Brasil. Assim como todos que estão aqui, acreditamos que, diante dos dilemas globais, como mitigação das mudanças climáticas, segurança energética e alimentar, o agro é parte da resposta e da solução”, destacou.

Segundo ela, a agência atua em parceria com o Ministério da Agricultura (MAPA), o Ministério das Relações Exteriores e a CNA, promovendo o Brasil como fornecedor confiável de produtos agrícolas sustentáveis. “Temos parceiros como o MAPA, o Ministério das Relações Exteriores e a CNA. Atuamos com 20 setores, fazemos a parte comercial e sabemos que o agricultor é quem vai lá fora e supre o mundo”, explicou.

Luciana reforçou a responsabilidade do Brasil em mostrar a realidade da produção agrícola ao mundo. “Somos responsáveis por promover o agro brasileiro como fornecedor confiável. Temos o papel de falar tudo o que é verdadeiro na agricultura. Participamos de feiras internacionais e mostramos a realidade da produção sustentável no Brasil”, completou.

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