Dia nacional da agroecologia celebra a agricultura sustentável no Brasil

A agroecologia promove princípios como a conservação da biodiversidade, a segurança alimentar e a soberania, e é adotada por diversas comunidades e povos tradicionais no Brasil

O Dia Nacional da Agroecologia, oficializado pelo Congresso Nacional em 2017, é uma ocasião especial para refletir sobre a importância desse sistema como uma alternativa viável e essencial na produção de alimentos.

Além disso, esse dia celebra os benefícios da agroecologia em reduzir o impacto ambiental, fomentar direitos sociais e igualdade. A data é também uma homenagem àquela que é considerada a precursora desse modelo no Brasil, a agrônoma Ana Primavesi.

O que é Agroecologia?

Agricultura, Agroecologia

Foto: Envato

O conceito de agroecologia é amplo e diverso. Resumidamente, é uma série de princípios, conceitos e metodologias que tem como prioridade manejar e cuidar dos bens naturais com respeito. Envolve a prática agrícola, movimento e ciência. Ela também tem por objetivo a vida boa, territórios com direitos garantidos, nos quais sejam promovidos direitos sociais, econômicos, culturais e ambientais para todas as pessoas.

A agroecologia não contamina o solo, a água, o ar, os alimentos, os seres humanos e os animais porque não usa veneno no cultivo.

Quem pratica agroecologia no Brasil?

A agroecologia faz parte do modo de vida de agricultores familiares, indígenas, bem como de outras comunidades e povos tradicionais.

Além disso, a agroecologia aproxima famílias agricultoras e consumidoras, tornando as relações de consumo mais justas e solidárias. Esses processos acontecem, principalmente, por meio de feiras comunitárias e programas como o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar).

Todos esses esforços ajudam a equilibrar o meio ambiente e reconhecer o papel das pessoas e comunidades na produção de saberes e na preservação dos biomas.

Princípios

Mudanças Climáticas, Aquecimento Global, Agro

Foto: Envato

Confira algumas das concepções que permeiam o conceito de agroecologia.

  • Recuperar e conservar a vida e biodiversidade no planeta.
  • Contribuir para a segurança e a soberania alimentar, tendo como prioridade a qualidade de vida das pessoas com acesso a alimentos saudáveis, educação, saúde, lazer e cultura.
  • Promove a diversidade de culturas agrícolas para melhorar a resistência a pragas, doenças e condições climáticas variáveis. Isso também contribui para a conservação da biodiversidade.
  • Busca integrar cultivos agrícolas com a criação de animais, aproveitando as sinergias entre essas atividades e reduzindo a dependência de insumos externos.
  • Promove o uso responsável da terra, água e recursos naturais, evitando práticas que levem à degradação do solo, à poluição da água e à exaustão de recursos.
  • Considera os ciclos naturais de nutrientes, como o ciclo do carbono e do nitrogênio, e busca manter esses ciclos equilibrados para sustentar a fertilidade do solo.

Ana Primavesi: pioneira da agroecologia

Ana Primavesi

Foto: Arquivo Pessoal

O conceito de agroecologia surgiu com os trabalhos da agrônoma Ana Maria Primavesi (1920-2020). Nascida na Áustria, ela estudou agronomia em Viena na década de 1940, onde conheceu seu futuro marido, o também agrônomo Artur Primavesi, com quem se fixou no Brasil em 1948. No novo país, acompanhou de perto as mudanças do sistema de produção da agricultura, de um modelo tradicional para a intensificação da produção com o uso de produtos químicos e a prática da monocultura.

Passou por diversas cidades brasileiras antes de se tornar professora universitária e, com base em experiências que desenvolveu como agrônoma em parceria com seu marido, tornou-se pioneira na recuperação de áreas degradadas, promovendo uma agricultura sustentável que valoriza a atividade biológica do solo e reduz o uso de produtos químicos. Como professora na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), ela contribuiu para a criação do primeiro curso de pós-graduação em agricultura orgânica. Depois de se aposentar, fundou a Associação da Agricultura Orgânica (AAO).

Em seus trabalhos como pesquisadora, ela defende a interconexão entre os elementos naturais, promovendo o uso de práticas agrícolas que respeitem os ciclos e equilíbrios da natureza. Primavesi também enfatizava a valorização dos conhecimentos tradicionais dos agricultores e da pesquisa científica aplicada à agricultura orgânica, visando resiliência e conservação dos recursos naturais.

Ao longo de sua trajetória, ela compartilhou seu conhecimento com agricultores, estudantes e profissionais agrícolas, incentivando práticas agrícolas que respeitam o meio ambiente e promovendo uma agricultura mais equitativa e saudável. Ela faleceu em São Paulo em 5 de janeiro de 2020, aos 99 anos.